12 canções deprimentes que tornam tudo melhor

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Segundo consta, só ouço música deprimente. Toda a gente me diz o mesmo. Não sei porquê. Talvez seja porque canções deprimentes, com uma cadência mais lenta, permitem absorver melhor os pormenores (e eu, como qualquer melómano, adoro pormenores). Também pode ser porque a arte brilha de forma diferente quando tem um contexto mais negro. É um lugar-comum mas, cá para mim, é-o com propriedade.

Quantas vezes não ouviram álbuns de artistas-outrora-deprimidos-agora-felizes-da-vida que soavam simplesmente mal? Pois bem, é por isso que digo o que digo.

De qualquer forma, explorei o tema num artigo anterior e quis dar-lhe seguimento  Portanto partilho convosco 12 canções deprimentes que, no que me diz respeito, tornam tudo muito melhor. Não é um top – é uma lista de recomendações. Porque quem vos avisa vosso amigo é e tudo o resto.

Há um motivo pelo qual eu “só” ouço música deprimente. É porque é tudo maravilhoso. Não culpem as canções. Ouçam-nas e sejam felizes.

12. Strand of Oaks – “New Paris”

Timothy Showalter fala não sei muito bem do quê – a sério que não – mas tudo isto é cantado em jeito de lamento. Há para ali uns versos que me convenceram à primeira e, vá-se lá saber porquê, me fazem feliz. “Sorry your dad hates me so much / Cause I’m doing everything he wished he could have”, diz ele a determinada altura.

11. Broken Social Scene – “Anthems For A Seventeen Year Old Girl”

A amizade na adolescência é uma coisa extremamente volátil e este tipo de coisas tendem a acontecer frequentemente. As pessoas mudam, afastam-se e, quando damos por isso, já as perdemos. “Now you’re all gone, got your makeup on and you’re not coming back”, diz Emily Haines nesta que é uma das canções mais lindas que alguma vez saíram do Canadá.

10. Cat Power – “Metal Heart”

“Metal heart / You’re not worth a thing”. É das coisas mais bonitas que Chan Marshall fez e só por si um dos motivos para gostar de Cat Power como gosto. A melodia triste, as harmonias vocais, as pinceladas de guitarra elétrica e uma espécie de tristeza constante fazem de “Metal Heart” um ponto de paragem obrigatório nesta viagem.

9. The National – “About Today”

Há uma corrente das músicas tristes que as pessoas normalmente deixam para segundo plano: a resignação  “About Today” é um dos expoentes máximos desta corrente, com o violino choramingão e a letra horrivelmente real. “How close am I to losing you?”, diz Matt Berninger várias vezes durante a música e só apetece gritar “faz alguma coisa!” para o disco. Mas seria inútil, não é? Resignemo-nos então.

8. Land of Talk – “It’s Okay”

Deve ser uma das minhas músicas favoritas dos últimos dez anos e toda ela respira resignação, do título à voz, da letra aos instrumentos. “It’s okay / I don’t even cry” deve ser dos inícios de canção mais arrasadores de sempre.

7. Songs: Ohia – “Hold On Magnolia”

Canção de encerramento de Magnolia Electric Co., o último álbum dos Songs: Ohia enquanto tal (depois mudaram de nome para The Magnolia Electric Co.), “Hold On Magnolia” é uma daquelas coisas que nasceram para ser tristes. Talvez consigam retirar conclusões deste verso: “You might be holding the last light I see before the dark finally gets a hold of me”.

6. Elliott Smith – “Between The Bars”

Com a sua multiplicidade de sentidos (depressão, alcoolismo, prisão e sei lá mais o quê), “Between The Bars” é uma ode à tristeza. Naturalmente depressiva – a voz e a história de Elliott Smith assim o exigem – e cheia de dor, deixa-nos a pensar sobre quem está a falar: seuma pessoa, se a bebida.

5. Red House Painters – “Grace Cathedral Park”

A conclusão mais dramática a que alguma vez alguém chegou numa canção: “We walked down the hill, I feel the coming on of the fading sun / And I know for sure that you’ll never be the one”. No que a tristeza diz respeito, Mark Kozelek não brinca em serviço – não é à toa que se tornou num dos expoentes máximos do género mais triste de todos: o sadcore.

4. Radiohead – “Bullet Proof… I Wish I Was”

A canção que deu ao mundo confiança para afirmar que Thom Yorke era um tipo deprimido é esta. Percebe-se porquê, não é? Entre a letra – “Every day, every hour, I wish that I was bullet proof” – e aquele riff de guitarra no refrão, não ia ser fácil fazer desta canção uma coisa alegre.

3. Sparklehorse – “Spirit Ditch”

O título deveria dizer tudo, não é? Mas pronto, posso sempre recordar-vos a depressão constante de Mark Linkous (que, de resto, contribuiu para que morresse mais cedo do que seria razoável) e a letra (“I woke up in a burnt out basement / Sleeping with metal hands in a spirit ditch”) mas a música é toda ela um elogio à depressão.

2. Low – “Laser Beam”

A voz de Mimi é um dos segredos mais bem guardados do mundo e, neste caso, é quase só por si responsável pela maravilha que é “Laser Beam”. Mas este dueto dela com a guitarra eleva a música a um nível difícil de superar. É tudo tão perfeito, tão triste que, excecionalmente, até admito que se deixem influenciar pelo ambiente. Chorar nunca fez mal a ninguém e não há melhor banda sonora para isso do que esta.

1. Micah P. Hinson – “The Day Texas Sank To The Bottom Of The Sea”

Esta é simplesmente a música mais triste de sempre.

Este artigo foi publicado originalmente no Strobe.