Sobre os álbuns conceptuais

Tenho pensado muito em álbuns conceptuais. Inicialmente, foi por causa de Hombre Lobo, o novo álbum de Eels. Esta faceta da banda levou-me a dois outros álbuns: Blinking Lights and Other Revelations e Electro-shock Blues. Os temas pouco interessam para aqui – ainda que ambos me atraiam especialmente, o que é bastante mórbido. Hoje, interessa-me a ideia.

O álbum conceptual não é coisa recente, tendo ganho muitos adeptos ali pela década de 1960, com Beatles, Beach Boys e outros tantos a contribuírem fortemente para a causa. O que é directamente influenciado pelo conceito varia muito: letras, voz, instrumentalização, melodias ou tudo junto. Mas tanto faz, desde que o resultado final seja bom.

Pessoalmente, acho que os álbuns conceptuais bons são praticamente mágicos. Se considerarem a depressão/dormência urbana de OK Computer dos Radiohead uma coisa conceptual, por exemplo, o álbum deixa de ser música e passa a ser um mundo, uma outra realidade (que, por acaso, neste caso específico, é a nossa). É mágico.

Vítor Cunha dizia há pouco no Twitter que o Born to Run, do Bruce Springsteen, “é a melhor lição de história sobre a cultura suburbana americana” e pode muito bem ser verdade. O problema com os álbuns conceptuais, esteja o conceito concentrado na letra, na música ou em todos os aspectos, é que só atingem este nível quando são genuinamente bons. Não há conceito que salve um álbum mau. Sim, mesmo que o conceito seja “robots de 2154″ ou algo do género (as coisas futuristas são sempre mais fáceis de justificar… mas isso não muda nada). Quanto ao conceito propriamente dito, não há regras que possam impor limites, felizmente. O céu é o limite.

Agora… gostava de percorrer os últimos 50 anos e falar-vos dos melhores álbuns conceptuais que foram mostrados ao mundo mas não consigo (maioritariamente por ignorância, confesso). Talvez um dia destes.