Arquivo de Dan Mangan - Ouve-se https://ouve-se.com/tag/dan-mangan/ Música que não sai da cabeça Mon, 26 Feb 2018 21:53:26 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://ouve-se.com/wp-content/uploads/2017/11/cropped-disc-vinyl-icon-95145-32x32.png Arquivo de Dan Mangan - Ouve-se https://ouve-se.com/tag/dan-mangan/ 32 32 Um olhar tardio sobre Club Meds, de Dan Mangan + Blacksmith https://ouve-se.com/2015/05/um-olhar-tardio-sobre-club-meds-de-dan-mangan-blacksmith/ Sat, 30 May 2015 11:53:50 +0000 https://ouve-se.com/?p=146 Dan Mangan é um dos músicos que mais me tem acompanhado nos últimos cinco anos. Regresso constantemente a canções recentes e antigas e perco-me nos rendilhados das letras, nos jogos de palavras, nas pequenas histórias e no conforto da voz quente deste canadiano. Dito isto, é estranho não ter escrito nada sobre Club Meds, o último álbum, …

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Dan Mangan - Club Meds

Dan Mangan é um dos músicos que mais me tem acompanhado nos últimos cinco anos. Regresso constantemente a canções recentes e antigas e perco-me nos rendilhados das letras, nos jogos de palavras, nas pequenas histórias e no conforto da voz quente deste canadiano.

Dito isto, é estranho não ter escrito nada sobre Club Meds, o último álbum, lançado desta vez em modo banda como Dan Mangan + Blacksmith. Mas porque é que deixei então passar sem qualquer referência um novo álbum de Dan Mangan lançado em janeiro?

Haverá certamente vários motivos. O principal, no entanto, parece-me ser a dificuldade que tenho tido em aceitar, assimilar o álbum. É que Club Meds tem muito pouco a ver com qualquer um dos três álbuns anteriores de Dan Mangan. A todos os níveis.

Um trabalho de equipa

Este álbum de Dan Mangan + Blacksmith é muito obviamente um trabalho de equipa, sobretudo a nível musical. Apesar de em Oh Fortune, o álbum anterior, se notar já um esforço para que a música soasse a música de banda (em vez de música de cantor/compositor), tudo ali era criado e definido por Dan Mangan.

Em Club Meds, toda a música é creditada aos quatro principais membros da banda. As letras, essas, continuam a ser da autoria de Dan Mangan (excepto “A Doll’s House”, escrita e cantada por Gordon Grdina). Tudo isto se nota. O álbum é extremamente coeso, tenso e muito mais complexo do que qualquer um dos álbuns anteriores de Dan Mangan, o que o torna também bastante mais difícil. O primeiro single, “Vessel”, já me tinha posto a pensar nisso.

Apesar de as letras continuarem a ter o mesmo autor, os temas mudaram radicalmente. Estava habituado às pequenas histórias, aos contos de proximidade e a uma série de assuntos mais pessoais que tornavam as canções riquíssimas em cada recanto, cada pormenor. Mas parece que isso se perdeu. Em Club Meds, Dan Mangan quer dizer coisas mais importantes, quer chamar a atenção para o facto de muitos de nós parecermos sedados, de não estarmos a fazer nada para recuperar o controlo da situação. No fundo, está a tentar rebater a ideia de que nem vale a pena tentar fazer nada para mudar o que quer que seja.

A ideia era boa

Não posso acusar Dan Mangan de falta de propósito. Mas posso queixar-me da execução genérica, que acabou por prejudicar as suas letras. Como o álbum é todo ele muito enevoado, as letras pairam e deslizam por ali. E eu queria, já que há mensagens para passar, que as letras viessem em forma de punho fechado e me dessem um enxerto de porrada. Mas não. E é por isso que tenho tido dificuldade em lidar com Club Meds.

Não há uma única canção verdadeiramente desinteressante no álbum. Todas elas apresentam pormenores engraçados, seja pela utilização de sintetizadores, jogos de vozes ou modestos riffs de guitarra que só podiam estar exatamente onde estão. Mas apenas algumas destas difíceis canções se tornam verdadeiramente estimulantes.

Não é difícil destacar o trio inicial: “Offred”, “Vessel” (que conta com a participação de Dave Grohl) e “Mouthpiece”. A terceira é especialmente interessante por ser uma das poucas que acaba por libertar a tensão acumulada. É também a que mais perto está de poder pertencer a Oh Fortune.

“XVI”, “Forgetery” e a reveladora “New Skies” acabam por ocupar os outros lugares de maior destaque num álbum que acaba por ser bom, sim, mas pouco memorável. Club Meds é um daqueles álbuns que ouvimos pela primeira vez com interesse e em que todas as canções nos parecem bastante boas. O problema é que, chegados ao fim, recordamos muito pouco. E isso não é aquilo a que Dan Mangan nos habituou. Com ou sem Blacksmith, espero que a próxima tentativa me faça muito mais feliz.

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Dan Mangan + Blacksmith = “Vessel” https://ouve-se.com/2014/09/dan-mangan-blacksmith-vessel/ Mon, 08 Sep 2014 16:26:13 +0000 https://ouve-se.com/?p=250 Se ainda não ouviram falar da minha inesgotável paixão pela música de Dan Mangan, então é porque não tenho falado com frequência suficiente dele. Mas isso acaba agora. Há poucos dias, Dan Mangan mostrou-nos “Vessel”, o primeiro single do seu quarto álbum de originais. Bem, o álbum não é bem seu. O músico canadiano decidiu dar …

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Dan Mangan

Se ainda não ouviram falar da minha inesgotável paixão pela música de Dan Mangan, então é porque não tenho falado com frequência suficiente dele. Mas isso acaba agora.

Há poucos dias, Dan Mangan mostrou-nos “Vessel”, o primeiro single do seu quarto álbum de originais.

Bem, o álbum não é bem seu. O músico canadiano decidiu dar à banda que o acompanha há já vários anos maior destaque e “Vessel” é a primeira canção assinada por Dan Mangan + Blacksmith. Além de fazer parte do próximo álbum da banda, a canção também faz parte da banda sonora de Hector And The Search For Happiness, o novo filme de Simon Pegg, que estreou este fim de semana no Toronto International Film Festival. Banda sonora essa que foi, de resto, composta por Dan Mangan e Jesse Zubot.

Mas vamos ao que interessa. O single é lançado em formato digital esta terça-feira e há de ser editado em vinil a 14 de outubro com o lado B “Wants”. Se quiserem fazer reserva do disco, é por aqui.

“Vessel” não é a típica canção de Dan Mangan. Menos fácil de ouvir do que o habitual, é bastante diferente dos grandes singles de Postcards & DaydreamingNice, Nice, Very Nice e Oh Fortune. A energia está lá toda mas mantém-se sob tensão o tempo todo. Juntem a isso a estranheza da percussão, das vozes lá ao fundo de Dave Grohl (sim, o dos Foo Fighters) e, creio eu, do próprio Dan Mangan, bem como os metais improvisados a pedir uma explosão (que nunca chega a acontecer) no final… e têm uma canção muito menos pop do que seria de esperar do tipo que nos trouxe canções como “Robots” ou “Post-War Blues”.

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5 artistas sem hype que deviam ouvir agora https://ouve-se.com/2013/11/5-artistas-sem-hype-que-deviam-ouvir-agora/ Wed, 27 Nov 2013 11:06:19 +0000 https://ouve-se.com/?p=354 Este artigo foi publicado originalmente no Strobe. Há uns dias falava com um colega de trabalho sobre música, cinema e videojogos. Discutíamos sobre como algumas pessoas fazem da contracorrente um modo de vida quando, a determinada altura, ele me disse que eu era uma dessas pessoas. Ele dava a entender que, quando uma coisa fica conhecida, …

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vinyl

Este artigo foi publicado originalmente no Strobe.

Há uns dias falava com um colega de trabalho sobre música, cinema e videojogos. Discutíamos sobre como algumas pessoas fazem da contracorrente um modo de vida quando, a determinada altura, ele me disse que eu era uma dessas pessoas. Ele dava a entender que, quando uma coisa fica conhecida, eu deixo logo de gostar. Indignei-me, como é óbvio.

Não sou o tipo mais eclético do mundo, é verdade. Mas gosto de tantas coisas indiscutivelmente pop e mainstream que nem sequer consigo dizer-vos a origem desta ideia. Poderei eu, que tenho como banda favorita os Radiohead e que descubro imensa música nas listas de final de ano, ser uma dessas pessoas? Não.

Recuso-me a ser do contra. O único prazer que retiro de gostar deste ou daquele artista menos conhecido é o de mostrar maravilhosa música nova a quem nunca a ouviu. Não é uma coisa totalmente altruísta – fico satisfeito por mim se vos apresentar algo que venham a adorar – mas já vi coisas piores.

É neste espírito que vos recomendo que arranjem uns minutos para ouvir as canções magníficas que se seguem, se não as conhecerem. Não vão encontrar nada de especialmente animado aqui (vocês nem imaginam a dificuldade que eu tenho para fazer playlists para festas) mas ouçam, ouçam. Não percebo porque é que não há sequer um hypezinho relativo a cada um destes artistas… mas vamos lá tentar corrigir isso.

5. The Milk Carton Kids

Eu até percebo que uma pessoa olhe para uma dupla country e pense “nem pensar” mas deem-lhes uma oportunidade. Kenneth Pattengale e Joey Ryan já andam nisto em conjunto desde 2011 e têm dois álbuns na rua, o últmo dos quais lançado já este ano. A única atenção que recebem é de rádios de bluegrass e country, o que até faz sentido, mas… merecem muito, muito mais. Ouçam a baladeira “Michigan” e digam-me que não tenho razão.

4. Helios

Ouvi isto pela primeira vez há uns anos por causa de uma recomendação e posso dizer-vos que foi das surpresas mais agradáveis que tive. Não sei o que é feito de Keith Kenniff, o mentor do projeto, atualmente (supostamente vai lançar mais um álbum de Helios este ano) mas não me interessa. Sei que a determinada altura, sem pressas, me vou cruzar com o disco. E sei que vai ter algo digno de registo que vai passar ao lado da maior parte das pessoas. Como esta “For Years And Years”, que faz parte de Eingya, um dos melhores álbuns paridos em 2006.

3. Cold Specks

Cold Specks é uma espécie de banda de Al Spx, a canadiana residente em Londres que claramente não gosta muito de usar o nome verdadeiro. Estreou-se em 2012 com um grande, grande álbum – I Predict a Graceful Expulsion – e, apesar de ter tido alguma atenção no país natal, não fugiu muito disso. E aquela voz meio estragada, meio soul justificava outro tipo de atenção. “Blank Maps” prova-o facilmente.

2. Lanterns On The Lake

Newcastle é mais conhecida pelo futebol e pelo mau aspeto do que qualquer outra coisa mas isto é como em tudo – às vezes é preciso perder algum tempo a procurar as coisas boas. Não foi o meu caso – os Lanterns On The Lake vieram praticamente parar-me ao colo – mas vocês percebem o que quero dizer. O bom gosto deste quinteto que navega entre o pós-rock e os lamentos pop fala por si. “Tricks” é apenas um exemplo.

1. Dan Mangan

Um dia, toda a gente vai ouvir Dan Mangan e pensar “onde é que andaste a minha vida toda?”. Enquanto esse dia não chega, vou chateando imensa gente para que o ouça. É a minha luta, isto. Dos EPs mais escondidos a Nice, Nice, Very Nice, nomeado para um Polaris em 2010, não há como errar aqui. Já escrevi imenso sobre ele e vou continuar a fazê-lo até deixar de ter argumentos. Porque a música deste simpático canadiano é o segredo mais bem guardado do mundo e eu não percebo porquê. Entre “Fair Verona” e “Basket”, venha o diabo e escolha.

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Quem é Dan Mangan? https://ouve-se.com/2013/09/quem-e-dan-mangan/ Mon, 02 Sep 2013 21:49:01 +0000 https://ouve-se.com/?p=1608 Cruzei-me pela primeira vez com a música de Dan Mangan há quase três anos. Recordo-me perfeitamente: foi “amor à segunda vista”. A primeira vez que oouvi, achei giro mas não me impressionou. Mas algumas semanas depois decidi pôr o álbum a tocar no carro e foi nessa noite que, a determinada altura, “Fair Verona” se …

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Dan Mangan

Cruzei-me pela primeira vez com a música de Dan Mangan há quase três anos. Recordo-me perfeitamente: foi “amor à segunda vista”. A primeira vez que oouvi, achei giro mas não me impressionou. Mas algumas semanas depois decidi pôr o álbum a tocar no carro e foi nessa noite que, a determinada altura, “Fair Verona” se fez ouvir e mudou tudo. Estava sozinho e senti-me quase como se tivesse ganho um prémio moderadamente alto numa qualquer lotaria, sem saber muito bem como lidar com isso. Senti também que aquilo que ali estava a tocar era um segredo demasiado bem guardado para o meu gosto.

De certa forma, Dan Mangan ainda é um segredo para uma parte significativa do mundo. No Canadá, já levou uns Juno para casa e foi nomeado para um Polaris– nada mau para um tipo tão pouco conhecido fora do Canadá. Por exemplo, a bíblia da música independente, a Pitchfork, nunca ouviu falar (ou pelo menos nãoquer falar) de tal pessoa. E toda a gente sabe o que acontece a bandas e artistas independentes que não estão na Pitchfork, certo?

Proponho-me – com um misto de humildade e arrogância – lutar contra isso. Como? Simples: falando da música dele até ter convencido cada um de vocês.

Então, vá: quem é este tal de Dan Mangan?

Ainda bem que perguntam.

Dan Mangan é um músico de Vancouver, no Canadá, que cresceu, segundo a curtíssima biografia publicada no AllMusic, rodeado de discos dos pais. Nick Drake e The Beatles tornaram-se referências obrigatórias para o miúdo que já começava a dar uns toques na guitarra e chegou mesmo a ter uma banda, os Basement Suite. Não me perguntem nada sobre eles, que não faço ideia.

Em 2003, com 20 anos, gravou um EP com nove músicas chamado All At Once que adorava conhecer mas não conheço. Segundo a Wikipedia, foram editadas e distribuídas 500 cópias deste EP acústico… e é isto. Nada mais consigo dizer-vos.

Há, no entanto, uma canção deste conjunto que foi reaproveitada por Dan Mangan alguns anos depois: “Till I Fall”, que podemos encontrar no Roboteering EP, editado em 2009. Mas já lá vamos.

Postcards And Daydreaming

Corria o ano de 2005 quando Dan Mangan foi para estúdio gravar aquele que viria a ser o seu primeiro álbum de originais. Já em formato banda, com dois ilustres desconhecidos chamados Daniel Elmes e Simon Kelly, Postcards And Daydreaming viu a luz do dia em outubro de 2005. Esta edição de autor de mil unidades era vendida online e em concertos mas cedo se percebeu que a coisa não ia ficar por aí – e não ficou. Em 2007, a File Under: Music, uma editora independente de Vancouver, reeditou o álbum.

Mas afinal o que tem o álbum de especial?

Bem, antes de mais, percebe-se que é um primeiro álbum, claramente. Com uma maturidade acima da média, não consegue, ainda assim, disfarçar algum desnorte. As influências de Nick Drake ainda estão muito presentes mas há um pouco de tudo. Da pop/rock convencional de “Above The Headlights” à folk de “Come Down”, passando pelo rock baladeiro de “Not What You Think It Is”, é fácil perceber que as letras intimistas de Dan Mangan estão uns passos à frente damúsica. Há, ainda assim, momentos estupendos, como a dupla “So Much For Everyone”/”Western Wind” e a sublime “Some Place To Come Home To”. Postcards And Daydreaming é um álbum para se ouvir depois dos outros, como se fosse uma compilação de lados B. Mas é para ouvir à mesma. Até porque a voz meio grave, meio rouca de Dan Mangan já se faz ouvir aqui em toda a sua glória.

Roboteering EP e Nice, Nice, Very Nice

Dois anos depois da File Under: Music ter pegado em nele, Dan Mangan lança Roboteering EP, dando assim uma ideia bastante clara daquilo que poderíamos esperar de um segundo álbum. “Robots”, “The Indie Queens Are Waiting” e “Sold” eram as três primeiras canções deste EP e voltariam a estar assim bem juntas em Nice, Nice, Very Nice. Uma das que ficou para trás foi “Tragic Turn Of Events / Move Pen Move”, que brilha a fechar o EP graças ao encontro da guitarra acústica de Dan Mangan com a spoken word de Shane Koyczan. “Move Pen Move”, que é a parte da autoria de Koyczan, tinha sido já editada em A Pretty Decent Cape In My Closet no ano anterior.

2009 ia ser o ano de Dan Mangan. Nice, Nice, Very Nice, que deve o seu nome a um verso de um maravilhoso poema de Kurt Vonnegut, tinha sido gravado no ano anterior e foi recebido pela crítica da melhor forma possível. Com boas críticas. E com prémios.

E eu percebo porquê. Aliás, foi (bem mais tarde) graças a este álbum que descobri Dan Mangan e só posso dizer que as críticas não chegam para explicar o que Nice, Nice, Very Nice é. Tem algumas das melhores letras de canções que alguma vez li e ouvi, com aquela simplicidade terrena de um Mark Oliver Everett e a elegância de um outro Mark, o Kozelek (dos Sun Kil Moon e dos Red House Painters). Ele próprio diz, em “Tina’s Glorious Comeback” que vendeu a alma ao diabo por uma boa “penmanship”, mas que agora escreve bem e está a ficar arrependido. Não vejo porquê.

Peço-vos encarecidamente que ouçam a letra de “You Silly Git” para compreenderem o que quero dizer. E se isso não resultar, entãoo há como escapar aos pesos pesados “Fair Verona” e “Basket”, duas das minhas canções favoritas de sempre (estou a dizer isto pela primeira vez mas não tenho a mais pequena dúvida de que é verdade). Uma é épica e teatral, a outra mostra verdadeiramente o que Dan Mangan é enquanto artista: um subtil cantor de histórias.

(Esta é a altura em que vos digo que, mesmo que não leiam este artigo na sua totalidade, vejam o vídeo seguinte até ao fim. Não precisam de agradecer.)

Mas o álbum é todo ele impressionante. O aparente desnorte tinha desaparecido – Nice, Nice, Very Nice foi, desde o primeiro momento, um passo firme em forma de álbum perfeito.

Em 2010, a Arts & Crafts pegou no álbum para o distribuir nos Estados Unidos e na Europa – foi graças a isto que fiquei a conhecê-lo.

Oh Fortune

Em setembro de 2011, depois de vários meses de gravações e digressões, Dan Mangan lançou Oh Fortune. Em termos sonoros, a evolução foi natural – para um som ainda mais completo e grandioso. É, também, o álbum mais maduro e adulto que editou.

Pessoalmente, ainda continuo a preferir aquela simplicidade folk de Nice, Nice, Very Nice – de que ainda podemos encontrar resquícios em “If I Am Dead” – mas é impossível ouvir Oh Fortune e não gostar. Canções como “Post-war Blues”, “Starts With Them, Ends With Us” e “Rows Of Houses” não me deixam mentir.

Já em 2012, Dan Mangan lançou Radicals, um single que tem em “We Want To Be Pleasantly Surprised, Not Expectedly Let Down” a sua estrela (o lado B é uma cover pouco interessante, sinceramente). A mim faz-me especialmente feliz por ver que Dan Mangan parece estar a seguir um caminho de sons à Broken Social Scene, épicos, enormes e maravilhosos. Faz-me pensar que o futuro promete.

E é também por isso que insisto em Dan Mangan. Não percebo porque é que, fora do Canadá, continuam a não lhe ligar muito (apesar da presença num ou noutro festival de grande dimensão, como Glastonbury, por exemplo) mas acho que ainda vão a tempo.

A mim, falta-me vê-lo ao vivo. Mas não tardará muito, estou certo. Haja digressões europeias e um dinheirinho de parte. Já perdi uma oportunidade – que ainda assim me valeu um vinil de Nice, Nice, Very Nice autografado. Não tenciono perder outra.

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Feliz Natal, não morram https://ouve-se.com/2012/12/feliz-natal-nao-morram/ Mon, 24 Dec 2012 12:31:21 +0000 https://ouve-se.com/?p=451 Quando as pessoas se juntam, acontecem coisas bonitas.

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Quando as pessoas se juntam, acontecem coisas bonitas.

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Dois concertos à mesma hora https://ouve-se.com/2012/11/dois-concertos-a-mesma-hora/ Wed, 28 Nov 2012 13:39:53 +0000 https://ouve-se.com/?p=466 Os The Black Keys vieram ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa, dar um grande espetáculo de rock’n’roll. Ao mesmo tempo, em Londres, Dan Mangan tocava para umas 300 pessoas no Scala. Eu, que queria ter ido a Londres ver Dan Mangan, acabei por conseguir ver os The Black Keys, numa mistura de sorte, boa vontade de amigos e …

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The Black Keys ao vivo

Os The Black Keys vieram ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa, dar um grande espetáculo de rock’n’roll.

Ao mesmo tempo, em Londres, Dan Mangan tocava para umas 300 pessoas no Scala.

Eu, que queria ter ido a Londres ver Dan Mangan, acabei por conseguir ver os The Black Keys, numa mistura de sorte, boa vontade de amigos e rapidez de movimentos. Foi um grande concerto. Talvez um bocado curto… mas definitivamente bom.

Ainda assim, estava claramente no sítio errado à hora errada. Enfim. Fica para a próxima.

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6 músicas para o meu funeral https://ouve-se.com/2012/11/6-musicas-para-o-meu-funeral/ Sat, 24 Nov 2012 13:41:53 +0000 https://ouve-se.com/?p=469 Eu disse que ia começar a preparar a lista de músicas para o meu funeral para partilhar convosco… e aqui está ela. Esta lista cheia de músicas boas para ouvirem quando eu morrer é um bocado como um testamento ou como um top de final de ano: em grande parte, espelha o momento em é feita. De …

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funeral

Eu disse que ia começar a preparar a lista de músicas para o meu funeral para partilhar convosco… e aqui está ela.

Esta lista cheia de músicas boas para ouvirem quando eu morrer é um bocado como um testamento ou como um top de final de ano: em grande parte, espelha o momento em é feita. De qualquer maneira, é mais do que certo que, em caso de dúvida, prefiro mil vezes uma destas canções à “Someone Like You” da Adele. Estamos combinados?

Vamos lá à lista, então.

1. Iron & Wine / Calexico – “Dead Man’s Will”

“Dead Man’s Will” é uma declaração póstuma de amor e arrependimento. Com um título bastante autoexplicativo, esta canção fala-nos de uma divisão de bens simbólicos e do tempo perdido, provavelmente a forma de arrependimento mais comum que se sente antes de morrer.

2. Dan Mangan – “If I Am Dead”

Pensar sobre a morte pode dar umas quantas dores de cabeça (e má fama). Mas, quando Dan Mangan canta “Burn my remains / My stuff, the same / Bury my name / It’s yours now, anyway”, não consigo evitar pensar na ideia de morte enquanto desaparecimento (gradual), em como se passa lentamente de pessoa a memória… até ao esquecimento total.

3. Eels – “P.S. You Rock My World”

A minha intenção com esta escolha é, ao mesmo tempo, ter um último momento de egocentrismo (haverá melhor coisa para se pensar de um morto do que “P.S. You Rock My World”?) e fazer passar uma mensagem de esperança ou pelo menos um certo “a vida continua”. Além disso, a letra desta música dos Eels é uma daquelas coisas brilhantemente terrenas e termina com “And maybe it’s time to live” – e todos sabemos que estar vivo é o contrário de estar morto.

4. Pavement – “Here”

Se é suficientemente boa para fechar o último concerto dos Pavement, é suficientemente boa para mim. Problema: eles ressuscitaram e não me parece que possa seguir-lhes o exemplo a esse nível. Além disso, tenho esperança de que as pessoas que me conhecem vejam as coisas da seguinte forma: “And I’m the only one who laughs / At your jokes when they are so bad / And your jokes are always bad / But they’re not as bad as this”. Era um sentimento relativamente genuíno e positivo, não?

5. Yo La Tengo – “I Feel Like Going Home”

A morte pode ser visto como um ponto de viragem. No caso desta canção dos Yo La Tengo, não me parece que a ideia de ponto de viragem esteja relacionada com a morte, embora pudesse ser uma interpretação possível. Pessoalmente, acho piada ao triplo sentido do verso “I feel like going home” no contexto de um funeral: a) quem morre dirige-se para a sua última morada, depois de se deixar de palhaçadas (a vida); b) com mais humor à mistura, podemos ver isto como um “epá, se calhar não morria já e voltava mais uns tempinhos para casa, não?”; c) os funerais são desagradáveis para a maior parte das pessoas e às vezes só apetece mesmo ir para casa.

6. Radiohead – “Motion Picture Soundtrack”

Já cá faltavam os Radiohead, não era? Apesar do ar de marcha fúnebre, não acho que “Motion Picture Soundtrack” seja propriamente uma música sobre morte. Parece-me ser mais sobre descrença e alienação do que outra coisa, pelo que aquele “I will see you in the next life” é mais um “nem vale a pena pensar nisso” do que uma despedida propriamente dita. Mas se calhar não vale mesmo a pena pensar nisso.

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Novas canções de Dan Mangan https://ouve-se.com/2012/10/novas-cancoes-de-dan-mangan/ Tue, 16 Oct 2012 14:10:14 +0000 https://ouve-se.com/?p=510 Dan Mangan anunciou há dias um novo disco chamado Radicals. Tem duas canções novas e é lançado hoje no Canadá em vinil de 7 polegadas e em formato digital. A primeira canção chama-se “We want to be pleasantly surprised, not expectedly let Down” e foi gravada na mesma altura das músicas que acabaram em Oh Fortune… mas não encaixava bem, …

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Dan Mangan

Dan Mangan anunciou há dias um novo disco chamado Radicals. Tem duas canções novas e é lançado hoje no Canadá em vinil de 7 polegadas e em formato digital.

A primeira canção chama-se “We want to be pleasantly surprised, not expectedly let Down” e foi gravada na mesma altura das músicas que acabaram em Oh Fortune… mas não encaixava bem, segundo o próprio Dan Mangan. Tem um quê de “Post-war blues” mas menos bem definida.

A segunda é “Stairway”, original dos canadianos Yukon Blonde que Dan Mangan gravou à pressa. Aviso apenas que isso se nota perfeitamente.

Mas pronto, eu já encomendei o disco. Façam figas para que não fique na alfândega.

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Um álbum crescido https://ouve-se.com/2011/12/um-album-crescido/ Sun, 04 Dec 2011 10:11:23 +0000 https://ouve-se.com/?p=1168 Dan Mangan é um prazer recente. Há coisa de ano e meio, cruzei-me com uma canção dele – “Robots” – e fiquei interessado. Isto acontece-me de vez em quando: ouço uma música, acho interessante, e decido dar uma oportunidade a um álbum ou ao que quer que o artista tenha gravado. Foi o que fiz. …

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Dan Mangan é um prazer recente. Há coisa de ano e meio, cruzei-me com uma canção dele – “Robots” – e fiquei interessado. Isto acontece-me de vez em quando: ouço uma música, acho interessante, e decido dar uma oportunidade a um álbum ou ao que quer que o artista tenha gravado. Foi o que fiz. Mas demorei uns meses valentes até ouvir Nice, Nice, Very Nice e, quando o fiz, roguei-me pragas por ter demorado tanto tempo. O álbum era, a todos os níveis, uma obra fantástica. Tinha canções maravilhosas, como “Basket” ou “Fair Verona”, e conjugava uma folk desinibida com letras absolutamente perfeitas. Tudo isto regado a uma espécie de depressão suburbana de que só podia gostar.

Felizmente, não tive de esperar muito pelo terceiro álbum (claro que, entre um e o outro, ainda fui conhecer o primeiro). Oh Fortune chegou em Setembro passado, ali pelo início do Outono. E foi, como já referi, o disco mais caro que comprei (entre o preço da edição especial, os portes e a alfândega). Agora, valeu a pena? Bem, se fosse hierarquizar do melhor álbum de sempre para o pior, claro que não. Mas valeu, porra. As minhas expectativas eram elevadas e tinha um certo receio de ficar desiludido… mas simplesmente não fiquei. Longe disso.

Oh Fortune é um álbum crescido. É uma daqueles trabalhos regados a bom gosto – nos arranjos, nas letras, no alinhamento… em tudo. Também me parece ser um bocadinho mais difícil que o anterior, no sentido em que há canções como “Leaves, Trees, Forest” ou “Daffodil”, ambas muito pouco imediatas mas que acabam por crescer dentro de nós com o tempo.

Mas não faltam momentos imediatos, fantásticos e dignos de destaque. O caso mais óbvio é o de “Post-war Blues”, que já referi aqui. O ritmo acelerado, a tarola a espaços tresloucada e o refrão fazem desta canção um clássico instantâneo na carreira de Dan Mangan. O facto da música tratar de um certo sentimento de vazio torna esta grandiosidade um tanto ou quanto estranha mas acho que a piada também está aí. E depois há aquele final épico.

Outro dos pontos altos de Oh Fortune chega logo a seguir no alinhamento. “If I Am Dead” tem uma letra simples e directa, bem ao estilo do músico canadiano, e é linda: “Burn my remains / My stuff, the same / Bury my name / It’s yours now, anyway” é definitivamente um dos grandes momentos deste álbum.

No canto mais barulhento de Oh Fortune, “Rows of Houses” é um dos melhores exemplos do que Dan Mangan consegue fazer com um bocadinho de electricidade mas é “Starts With Them, Ends With Us” que leva o prémio para casa, até porque quem me dá finais épicos, dá-me tudo. Começa baixo, baixinho, mas vai subindo até ao final apoteótico em que os metais dizem olá e ficam para jantar.

Não estou certo de que compreendam mas ouçam o pequeno apontamento de fundo (trompete, talvez, mas percebo muito pouco do assunto) aos 3 minutos e 58 segundos e digam-me que não é das coisas mais sublimes que já ouviram.

O início em valsa com “About As Helpful As You Can Be Without Being Any Help At All” e o fim inquisidor com “Jeopardy” (em que todos os versos são perguntas) mostram aquilo que o resto do álbum confirma: um certo ecletismo… mas com a consistência que me leva a dizer que Oh Fortune é um álbum crescido. É, também, um dos melhores do ano.

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Post-war Blues https://ouve-se.com/2011/09/post-war-blues/ Mon, 26 Sep 2011 10:07:21 +0000 https://ouve-se.com/?p=1166 Ainda está ouvido de fresco mas já é uma das músicas do ano para mim. O novo LP (e um saco e um poster e um booklet e uma t-shirt e, claro, o CD) de Dan Mangan – vocês sabem do que é que eu estou a falar – chegou-me hoje com o epíteto de “disco mais caro que comprei” …

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Ainda está ouvido de fresco mas já é uma das músicas do ano para mim. O novo LP (e um saco e um poster e um booklet e uma t-shirt e, claro, o CD) de Dan Mangan – vocês sabem do que é que eu estou a falar – chegou-me hoje com o epíteto de “disco mais caro que comprei” (porque veio do Canadá e porque a Alfândega trabalha bem) e ainda só o ouvi uma vez… mas hei-de escrever sobre ele brevemente.

A música a que me refiro especificamente é “Post-war Blues” e ainda não tenho muitas palavras para a qualificar. Sei que, quando as tiver, serão lisonjeiras para a música. Ou apenas justas, não sei. Para já, ouçam (e vejam) esta versão ao vivo, que vale muito, muito a pena.

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