Arquivo de Top 2019 - Ouve-se https://ouve-se.com/tag/top-2019/ Música que não sai da cabeça Sun, 22 Dec 2019 00:41:11 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.4.4 https://ouve-se.com/wp-content/uploads/2017/11/cropped-disc-vinyl-icon-95145-32x32.png Arquivo de Top 2019 - Ouve-se https://ouve-se.com/tag/top-2019/ 32 32 Os melhores álbuns de 2019 https://ouve-se.com/2019/12/os-melhores-albuns-de-2019/ Fri, 20 Dec 2019 09:56:06 +0000 https://ouve-se.com/?p=1955 Este é o segundo de dois artigos sobre o melhor da música em 2019. Foi bem mais fácil compor a lista de melhores canções de 2019 do que a de melhores álbuns. Primeiro porque os álbuns são maiores e mais complexos, exigindo maior investimento em termos de tempo e disponibilidade mental. Depois porque tendo a não …

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Este é o segundo de dois artigos sobre o melhor da música em 2019.

Foi bem mais fácil compor a lista de melhores canções de 2019 do que a de melhores álbuns. Primeiro porque os álbuns são maiores e mais complexos, exigindo maior investimento em termos de tempo e disponibilidade mental. Depois porque tendo a não ouvir música com que não estabeleça uma ligação emocional. Não mais do que uma vez, pelo menos. Então, às vezes é preciso que determinado álbum me chegue no momento certo, sob pena de ser atirado para a pilha dos “meh”.

Mas aqui não há pilhas nem “meh”, há as obras que mais me tocaram, os melhores álbuns de 2019:

10 – The Highwomen – The Highwomen

The Highwomen não vai mudar a vossa vida, mas é um pontapé no rabo do establishment da música country. Amanda Shires, Brandi Carlile, Maren Morris e Natalie Hemby pegaram no espírito do supergrupo The Highwaymen, criado por Johnny Cash, Kris Kristofferson, Waylon Jennings e Willie Nelson nos anos 80, e lançaram um álbum cheio de canções orelhudas que Nashville e arredores teve mesmo de escutar com atenção. E tenho a certeza de que nem lhes custa assim tanto, que The Highwomen é uma das melhores coisas que a country produziu nos últimos anos.

Só uma música? Ouçam “If She Ever Leaves Me”.

9 – Clairo – Immunity

Immunity conquistou-me ao primeiro acorde. “Alewife” abre o disco de forma a desarmar-nos, pelo que só nos resta ouvir o que Claire Cottrill tem para dizer nos 40 minutos seguintes. A voz dela é gira, bem redondinha e interessante. As canções têm cabeça, tronco e membros. O álbum está cheio de bons momentos. É o primeiro álbum de Clairo, mas Immunity deixa-me absolutamente pronto para os próximos.

Só uma música? Ouçam “Bags”.

8 – Strand of Oaks – Eraserland

Timothy Showalter não é uma pessoa dada a grandes inovações. Respira música, cresceu mergulhado nela e é por isso que Strand of Oaks é um projeto tão querido por tantos artistas e, ao mesmo tempo, tão reverente a estes e muitos outros. Eraserland é o regresso à boa forma de HEAL, depois de um Hard Love passável. Segundo Showalter, é também o regresso a uma “boa forma” mental, a um sítio melhor. É um álbum honesto, visceral, luxuoso, imperfeito e barulhento. É para ouvir sozinho, mas é para ouvir.

Só uma música? Ouçam “Weird Ways”.

7 – Hiss Golden Messenger – Terms of Surrender

M. C. Taylor é um tipo prolífico. Com dez álbuns editados desde 2009 como Hiss Golden Messenger, é bom ver que continua a fazê-lo com tanta qualidade. Vai à folk, vai ao rock, vai aos blues, vai a qualquer sítio onde precisem de uma guitarra e um tipo com coisas para dizer. E ele não se coíbe de o fazer, saltando entre o tom confessional e o manifesto político como quem muda de sol para mi menor na guitarra. Terms Of Surrender é americana de melodias simples e um dos discos mais fáceis de adorar que ouvi este ano.

Só uma música? Ouçam “I Need A Teacher”.

6 – Nick Cave & The Bad Seeds – Ghosteen

Ouvir Nick Cave nos dias que correm é estar a pedi-las. Em Ghosteen, o músico australiano consegue mais uma vez levar-nos pela mão num passeio que acaba, como tem sido hábito nos últimos anos, da mesma forma: na fossa. Tudo nele provoca dor, excepto a música propriamente dita. É um álbum lindíssimo que só nos permite perceber isso quando nos deixamos levar, mas o preço a pagar é o tempo que uma pessoa demora a levantar-se do chão. Mas vale tanto a pena.

Só uma música? Ouçam “Galleon Ship”.

5 – Better Oblivion Community Center – Better Oblivion Community Center

É um dos álbuns que mais ouvi este ano. À falta de um trabalho a solo de Phoebe Bridgers, esta colaboração dela com Conor Oberst teria de servir… e serviu. Mas não seria justo pôr as coisas apenas nesses termos. É um álbum de canções indie rock cheio de coração, com a ocasional piscadela de olho à folk e à emo, que não há como escapar às pancadas deles. Better Oblivion Community Center faz jus ao seu nome de falso centro de reabilitação e é um álbum equilibrado, coeso e cheio de bombons para os fãs da música de ambos.

Só uma música? Ouçam “Chesapeake”.

4 – Thom Yorke – ANIMA

Ver Thom Yorke ao vivo no NOS Alive foi… revelador. Não tanto porque não tinha reconhecido às canções de ANIMA, lançado uns dias antes, a qualidade que têm, mas porque não me tinha permitido estabelecer com elas a relação emocional que me faz precisar de ouvir música. E não o tinha feito porque partia para cada nova música de Thom Yorke a pensar “não é Radiohead, mas não está nada mal”. Depois disso, no entanto, o álbum fartou-se de rodar por aqui e deu para tudo: para curtir aquela batida, para mergulhar nas letras crípticas, para me perder nos pormenores que só um artista como Yorke é capaz de fazer.

Só uma música? Ouçam “Dawn Chorus”.

3 – Angel Olsen – All Mirrors

Cordas, sintetizadores e um álbum maior que a vida. All Mirrors faz pensar em como raio vai Angel Olsen conseguir fazer melhor daqui para a frente. Ouvir isto implica uma disponibilidade para sentir desconforto e nervos à flor da pele, mas é um pequeno preço a pagar para levar uma boa ensaboadela de um género musical que não é propriamente fácil de catalogar. Existe o género “não sei o que me aconteceu, mas adorei”?

Só uma música? Ouçam “All Mirrors”.

2 – Big Thief – Two Hands

Two Hands é o segundo grande álbum que os Big Thief lançaram em 2019, mas consegue superar o primeiro. Está cheio de canções bem rodadas ao vivo ao longo dos últimos anos e de recantos em que apetece ficar mais um bocadinho. É muito, muito bom. E é tão fácil ouvi-lo de uma ponta à outra. Algo me diz que vai ser um prazer continuar a regressar a Two Hands nos próximos anos.

Só uma música? Ouçam “Not”.

1 – Bon Iver – i,i

A música de Bon Iver continua a ser de uma entrega física, de uma honestidade emocional quase embaraçosa. E a minha ligação à música deles tem aqui um ponto-chave porque sinto que o que aquelas vozes e aqueles instrumentos dizem é evangelho. O que dali sai é a verdade. Por isso, continuarei a perder-me nos recantos de i,i e a emocionar-me com os seus muitos pontos altos. Por isso também, apesar de ser o pior álbum de Bon Iver, é o meu melhor álbum de 2019.

Só uma música? Ouçam “Naeem”.

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As melhores canções de 2019 https://ouve-se.com/2019/12/as-melhores-cancoes-de-2019/ Thu, 19 Dec 2019 11:05:10 +0000 https://ouve-se.com/?p=1949 Este é o primeiro de dois artigos sobre o melhor da música em 2019. 2019 foi um ano generoso. Digo isto porque imensas canções que adoro e me farto de ouvir ficaram fora do meu top 10, o que não é assim tão comum. Claro que, além disso, dediquei muito tempo a música de anos anteriores …

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Este é o primeiro de dois artigos sobre o melhor da música em 2019.

2019 foi um ano generoso. Digo isto porque imensas canções que adoro e me farto de ouvir ficaram fora do meu top 10, o que não é assim tão comum. Claro que, além disso, dediquei muito tempo a música de anos anteriores e deixei que me passasse ao lado muita coisa atual de que toda a gente fala, mas… já dei para esse peditório. Apesar de ter saído bastante da minha zona de conforto – nomeadamente em direção à pop -, esta lista não o reflete. Está cheia de canções grandiosas e de baladas bonitas. Musicalmente, é tão confortável como o colinho da mamã.

As melhores canções de 2019:

10 – The Staves – “Nothing’s Gonna Happen (Demo)”

Quando falo de conforto, é difícil bater isto. É uma demo, portanto presumo que vá haver uma versão mais vestidinha no álbum que as irmãs Staveley-Taylor têm estado a cozinhar. Por ser uma demo, estava reticente em relação a incluí-la nesta lista, mas porque não? “Nothing’s Gonna Happen” é uma balada folk muito bonita, com as habituais harmonias vocais a três, e faz-me ter saudades de quando descobri The Staves. Faz, também, com que esteja a rezar a todos os santinhos por um novo álbum delas.

9 – Purple Mountains – “That’s Just The Way That I Feel”

A morte prematura de David Berman foi uma tragédia. Nunca mais vamos ter poesia desta, mas pelo menos teremos sempre esta. Teremos sempre Silver Jews. E teremos sempre este presente de despedida agridoce. O piano de saloon empresta a “That’s Just The Way That I Feel”, música de abertura de Purple Mountains, uma alegria que ela não tem e isso torna-se óbvio quando Berman diz “And the end of all wanting is all I’ve been wanting”. É de partir o coração, mas é o que é.

8 – The National – “I Am Easy To Find”

O meu coração terá sempre espaço para The National, mesmo que já não lancem álbuns que me encham as medidas. Enquanto houver canções como “I Am Easy To Find”, uma canção-suspiro cheia de agitação e desespero discreto, não há problema. “There’s a million little battles that I’m never gonna win, anyway / I’m still waiting for you every night with ticker tape, ticker tape”, cantam eles. Também poderia servir para descrever a minha relação com eles nos dias que correm. É por canções como esta que assim é.

7 – Sharon Van Etten – “Seventeen”

Bastaria “Seventeen” para dizer que valeu a pena esperar quase cinco anos por um novo álbum de Sharon Van Etten. É uma canção de impacto imediato, sobretudo tendo em conta o catálogo dela. A energia pós-punk, os sintetizadores e a voz, sobretudo aquele bocadinho à beira de um ataque de nervos (ou, simplesmente, uma oitava acima), fazem de “Seventeen” um clássico instantâneo na carreira de Sharon Van Etten.

6 – Clairo – “Bags”

Esta miúda faz-se. Imaginem conseguir incluir um malhão destes no vosso álbum de estreia. Como diria José Mourinho quando chegou ao Chelsea pela primeira vez, you can’t. A produção de Rostam nota-se muito na percussão, mas o que mais brilha na canção é o registo vocal semi-inexpressivo de Clairo, que tem uma voz interessantíssima, mas manda versos cá para fora como quem lê os classificados. Não há como não adorar.

5 – Thom Yorke – “Dawn Chorus”

Continuando nos registos vocais semi-inexpressivos, Thom Yorke conseguiu encaixar praticamente numa só nota todos os versos de “Dawn Chorus” e o resultado final é simplesmente perfeito. “Dawn Chorus” soa triste, derrotada, final… mas todas as noites acabam numa aurora. E assim é com a canção também, que vai ganhando cor à medida que caminha para o fim. É lindíssima, é um tratado, é Thom Yorke no seu melhor.

4 – Strand of Oaks – “Weird Ways”

A canção abre o último álbum de Strand of Oaks tinha tudo para me cair no goto: coração na garganta, um bocadinho de slide guitar e um final daqueles. “Weird Ways” é uma daquelas músicas que tenho de repetir até à exaustão porque preciso daquela espécie de refrão final, do solo de guitarra, da bateria, de tudo… até me fartar. Ora, ainda não aconteceu, portanto não há como não a escolher como uma das minhas preferidas de 2019.

3 – Big Thief – “Not”

Parece um jogo de charadas, mas todas as pistas são sobre o que a palavra em falta não é. Mas uma coisa é certa: “Not” é uma viagem do caraças. Os Big Thief têm aqui um hino rock cheio de emoção e intensidade e guitarras e bateria e catarse. E, para uma canção que tem na repetição a sua principal característica, “Not” é estupidamente replayable. Parece bruxaria. Mas, como tantas outras coisas nesta canção, não é.

2 – Angel Olsen – “All Mirrors”

Angel Olsen continua a deitar paredes abaixo. All Mirrors, o álbum, é um duelo constante entre sintetizadores e cordas e é maior que a vida. E “All Mirrors”, a canção, é apenas o melhor e mais acabado exemplo do que acontece no álbum. É, a espaços, um bocadinho desconfortável nos ouvidos, mas é, também, um manual de instruções sobre como construir tensão para, depois, a libertar em estilo. “All Mirrors” é um autêntico monumento.

1 – Bon Iver – “Naeem”

i,i é o pior álbum de Bon Iver, mas não se deixem enganar pelos termos utilizados por mim: alguma daquelas maravilhas havia de ser a pior. Não faltam grandes momentos a i,i, mas nenhum chega tão alto como a épica “Naeem”. É um hino à construção de pontes (metafóricas, claro; talvez deixem o tema das infraestruturas para um álbum posterior), à empatia, ao coletivo. Nesse sentido, encapsula o espírito do álbum e o momento atual do projeto de Justin Vernon. É, também, a música certa para os tempos que vivemos. Mas nada disto interessaria se não fosse uma canção do caraças. Tem sangue na guelra e intensidade. Tem aquela coisa que faz fechar o punho, sabem? É uma canção de ação, de movimento… e é, tanto quanto consigo dizer, a melhor de 2019.

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