A simplicidade segundo Sandy Kilpatrick

Sandy Kilpatrick

Sandy Kilpatrick é escocês e vive em Portugal desde 2000. Não sei quem é que no seu perfeito juízo vem para Portugal estando tão perto das highlands escocesas mas ele caminha a passos largos para os 50 anos, pelo que provavelmente sabe mais da vida do que eu. Tem-se fartado de editar álbuns e EPs por cá nos últimos 12 anos e a 15 de junho edita mais um: The Shaman’s Call, o seu quarto álbum de originais.

Há algo de hippie em Sandy Kilpatrick. Não sei se é por se ter mudado de armas e bagagens para Portugal antes da idade da reforma, se da referência à sua adorada madrinha lésbica cantora de música country (na pequena biografia que acompanha a promo que me foi enviada), há algo que não parece bater certo com o fato da fotografia. A Lua, a Terra e algumas referências entre o espiritual e o místico completam o retrato.

Não conhecia Sandy Kilpatrick antes de receber informação no meu email sobre ele. Então fui ouvir algum material antigo com um preconceito: certamente será tudo igual. E olhem, não estava longe da verdade… mas também não acertei. Que é como quem diz: é tudo parecido mas com diferenças substanciais. O que, se pensarmos bem, faz todo o sentido. Se um tem mais guitarra elétrica, outro tem mais arranjos de cordas… e nenhuma destas referências diz respeito a The Shaman’s Call.

Para um tipo que fala tanto da terra, Sandy Kilpatrick parece ter levado as coisas a outro nível em The Shaman’s Call, à primeira vista o álbum mais telúrico de Sandy Kilpatrick. Homem, guitarra e piano ocupam praticamente o espaço todo sem grandes distrações. Não sei se me vou fazer entender totalmente mas esta simplicidade instrumental, complementada pelo conveniente trompete de Zé Barroso em duas canções, dá ao álbum uma sonoridade relativamente seca e focada. E isto não é bom nem mau, é o que é. E eu gosto.

The Shaman’s Call é um álbum bonito, ainda que relativamente inofensivo. Pede chuva e silêncio, pede atenção. E quando lha damos, a recompensa é modesta mas está lá. Está lá no início em “Homecoming Heart”, na mais ambiciosa “I Am An Eagle” e definitivamente em “Your Love Is A Weapon”, a melhor música do álbum.

Resumindo: The Shaman’s Call não vai mudar a vossa vida. Mas ali durante uns minutos vai torná-la bem agradável.