Bruce Houghton escreveu dois artigos muito interessantes sobre o eMusic, a mais conhecida das lojas de música digital que disponibilizam serviços de subscrição mensal. O autor do Hypebot falou um pouco sobre o seu problema com o eMusic, dizendo que a estrutura de preços desta loja prejudica os artistas e colocando alguns números em discussão. Comparado com o iTunes, por exemplo, o eMusic apresenta uma estrutura muito mais benéfica para si do que para os artistas e as editoras.
Houghton, com 25 anos de indústria, é dono da agência de artistas Skyline Music e da Skyline Innovations, uma espécie de divisão de marketing autónoma da sua casa-mãe. Assim, os números que refere não deverão estar muito longe da verdade, dado que tem um grande conhecimento do mercado.
No entanto, mais do que as críticas, gostaria de destacar a proposta que Bruce Houghton faz para o eMusic consegiur “salvar a sua alma”. De forma muito estruturada, propõe uma série de inovações para a loja, como eliminar a obrigatoriedade da subscrição, praticar preços variáveis e tornar os subscritores em membros VIP. Tudo isto com o objectivo de fazer com que o eMusic se torne no principal destino relacionado com música independente.
O texto contém algumas ideias muito boas mas, ainda assim, levanta-me algumas dúvidas. Será que uma loja alguma vez conseguirá ser o principal site internacional de música independente? É que, para todos os efeitos, é uma loja. O critério principal está longe de ser editorial; um negócio que depende directamente da venda dos produtos que mostra é muito diferente de uma publicação, que vive da credibilidade/audiência para vender espaço publicitário a anunciantes (sim, bem sei que isto também tem os seus momentos).
Por exemplo, se o Pitchfork me disser que determinado álbum é bom, o melhor do ano, é provável que o façam por uma série de razões… mas a mais importante não é, definitivamente, o facto de querer vender mais umas quantas cópias daquele disco para cumprir objectivos de negócio. Assim, torna-se mais credível, atrai mais pessoas e, consequentemente, publicidade… e lá sobrevive. Descrevo este processo de forma quase minimalista mas acho que percebem a lógica.
Outra questão melindrosa é a dos preços variáveis, com a qual concordo. Mas como é que se faz? Mais do que outros dos pontos levantados, acho que seria muito interessante ver evoluir esta discussão.