O álbum de estreia dos peixe : avião já por aí anda.
Como sabem, fiquei muitíssimo curioso depois de a banda ter disponibilizado “A espera é um arame” para audição no MySpace. Entretanto, este single tem passado na rádio com alguma frequência, o que também é bom sinal.
A banda disponibilizou o álbum completo para audição na sua página do MySpace e foi lá que o ouvi pela primeira vez. Nas últimas semanas, ouvi-o umas quantas vezes e já sei o que penso dele: é bom.
Abrem com “A espera é um arame”, a melhor música do álbum, e quase me quer parecer que leram o Escrítica Pop, de Miguel Esteves Cardoso. Mas com isto posso eu bem. O que me aborrece mesmo é o par de músicas seguinte. “Barro e lama em mão alheia” e (sobretudo) “Frio bafio” não são boas sequelas. Não é que sejam más; são apenas vulgares, o que não é, de todo, uma característica deste álbum.
Diga-se em abono da verdade que “Camaleão” traz o álbum de volta com grande competência e que “Nortada” acaba com quaisquer dúvidas, já que é um dos momentos mais altos de 40.02. A fusão entre rock simples, samples de voz e mais umas brincadeiras desta música faz-me aguardar com grande expectativa um segundo álbum da banda (por falar em pôr a carroça à frente dos bois, será que já tem data de lançamento prevista?). É também em “Nortada” que confirmo que gosto do falsete limpo e afinado do vocalista Ronaldo Fonseca.
A partir daí – e se esquecermos o interlúdio à la Vozes da Rádio “Barbitúrica luz” – o nível já se mantém elevado até ao fim. “Atiro ao alvo” e “Sabujo”, duas músicas retiradas do EP Finjo a fazer de conta feito peixe : avião (que ouvi entretanto e que me agradou bastante), mostram uma banda confortavelmente instalada no rock alternativo à portuguesa. “Estátua de espanto”, essa, é uma óptima forma de encerrar: começa com rock mas este acaba antes do fim do álbum e os quase três minutos que sobram são preenchidos por uma mistura etérea de vozes e sintetizadores.
Em Portugal, tendemos um pouco para a crítica mais veemente ao que nasce por cá. Contra mim falo, que raramente tenho paciência para a maior parte dos projectos de música portugueses, sobretudo quando soam portugueses como os peixe : avião. Mas creio que o problema é sobretudo de escala: somos pequeninos e é mais difícil haver tanta música boa como a que nos chega de países estrangeiros.
Outra coisa: este álbum faz-me acreditar nuns peixe : avião mesmo muito bons ao vivo. As músicas pedem. E eu também. Assim sendo, sábado, dia 27, tentarei estar pelos lados do MusicBox, em Lisboa, para confirmar expectativas.
Quanto a 40.02, é um álbum de estreia bom. Não é brilhante nem revolucionário mas é uma óptima forma de dizer “olá”. Olá right back at you.