Bloggers e jornalistas de música têm pelo menos uma coisa em comum: pessoas lêem o que eles escrevem. São agentes praticamente incontornáveis para quem faz música e quer promovê-la. Com egos maiores ou mais pequenos, com gostos mais ou menos abrangentes, todos eles ajudam a formar as opiniões de quem gosta de os ler.
Nos últimos anos, com o aumento das alternativas, os críticos de música perderam importância. Os bloggers – ou alguns deles, pelo menos – ganharam dimensão graças a uma ideia que se generalizou facilmente: a de que são livres de pressões e da agenda mediática que faz com que todos os críticos falem das mesmas coisas ao mesmo tempo e, muitas vezes, da mesma forma. Não sei se concordo com esta ideia… mas percebo a lógica. É que, com uma audiência maior, vêm normalmente pressões e responsabilidades.
Se do lado dos consumidores de música a relação com a crítica mudou bastante nos últimos tempos, do lado da indústria… mantém-se bastante semelhante.
Por exemplo, dou por mim a ter de justificar a minha eventual credibilidade com uma série de coisas insignificantes que consegui durante o meu percurso sempre que quero pedir informações ou o que quer que seja a grande parte dos artistas, editoras e promotoras. Seria muito mais fácil se estes agentes conseguissem visitar um blog e perceber tudo através dos últimos artigos, do tempo de vida e da página de informação sobre o autor. Mas pronto, é o que temos.
Por outro lado, estive há uns dias na RTP em trabalho e fiquei sentado durante meia hora junto a uma sala da Antena 3 e reparei numa série de sacos de plástico da EMI e da Universal que ocupavam um bocadinho de chão. Tendo em conta que a rádio é um meio cada vez menos interessante e desde sempre naturalmente fugaz, acho que a gigante diferença de tratamento não se justifica.
De qualquer forma, cultivar uma relação próxima mas honesta com bloggers e jornalistas continua a fazer todo o sentido no cenário actual. Não confundam uma relação próxima com “amiguismo”. De certa forma, foi isso que trouxe descrédito aos críticos profissionais portugueses. É que Portugal é muito pequeno, sabem?
Acho realmente que dar informação e música a jornalistas e bloggers é muito importante. Primeiro porque poderão, se se interessarem e/ou gostarem do que ouvem, ajudar-vos a chegar a um público que quer saber de música (ao contrário do de uma telenovela, por exemplo). Depois, porque todos fazem parte de redes sociais (reais ou virtuais) que incluem certamente mais uns quantos elementos similares, o que poderá ter um efeito multiplicador benéfico.
Enfim, vocês sabem que há apenas 40 ou 50 pessoas por dia a aparecer aqui no blog. Ainda assim, estou certo, são 40 ou 50 pessoas que gostam do que lêem e/ou do autor (obrigado). No limite, são pessoas que ligam minimamente ao que digo. E isso tem de representar alguma coisa. Acontece o mesmo com jornalistas especializados. A diferença? Maior audiência, certamente; menor capacidade de influenciar cada um. Além disto, as limitações de espaço, de tempo, de tudo… são prejudiciais. E aí está algo que não me afecta substancialmente.
Reforço: os jornalistas e os bloggers especializados são importantes para os que querem que a sua música chegue às pessoas. Pessoalmente, se gostar do que fazem, terei todo o gosto.