Numa altura em que se fala muito de bandas rock portuguesas como Os Golpes e os Pontos Negros, não consigo deixar de pensar que a atenção que se dedica aos diferentes projectos nacionais é um tanto ou quanto arbitrária (ou pior, é um tanto ou quanto suja).
Chamem-me reaccionário, se quiserem, mas parece-me que os Pluto, por exemplo, foram bem menos elogiados do que qualquer uma das novas bandas rock portuguesas. Sim, mesmo com o Manel Cruz à frente do projecto. (O Manel Cruz garante qualidade, algum buzz e as já habituais comparações aos Ornatos Violeta.) Mesmo assim, os Pluto foram educadamente ignorados.
Pessoalmente, pareceu-me desde o início que os Pluto eram bons. Há uns dias, fui ouvir Bom Dia (2004), o único álbum editado pela banda, e continuo a achar o mesmo. As guitarras, os arranjos, o céu nublado e as letras vagas dos Pluto são do melhor que se fez no rock português. Deve faltar-lhes a portugalidade ou uma dessas coisas que se inventam para justificar o mau gosto.
(Vá, estou a exagerar. Mas aquela história de que cada país tem os Marcos Paulos que merece é bem verdade.)
Entretanto, recordem “Entre Nós” que, não sendo a melhor música do álbum, é um bom exemplo do que por lá encontram.