Ando a ler um livro há já algum tempo (regra geral, leio nos transportes públicos; quando não ando, não leio – o que, diga-se, é bastante triste e terá de mudar brevemente). Foi-me oferecido no Natal e chama-se Musicofilia. É de Oliver Sacks, um autor bastante conhecido no seu meio. Já tinha lido O homem que confundiu a mulher com um chapéu e adorei (já agora, existe mesmo um homem que, a determinado momento, confundiu a sua mulher com um chapéu e tentou pô-la na cabeça).
Oliver Sacks escreve de forma muito descontraída e clara, mesmo quando fala dos termos médicos mais esquisitos e ficou conhecido sobretudo pelo seu trabalho com pacientes com encefalite letárgica que descreve em Despertares.
Este Musicofilia é, como o próprio nome parece indicar, um livro especialmente focado em casos musicais. Desde alucinações musicais até à musicoterapia, passando por pessoas com ouvido absoluto (que identificam imediata e facilmente qualquer nota musical sem necessidade de comparação mesmo que – e isto varia de caso para caso – se trate do som de uma pessoa a assoar o nariz, por exemplo), este livro fala de diferentes casos neurológicos cuja relação com a música é impossível de ignorar.
Ainda não acabei (faltam-me umas 50 páginas) mas posso dizer-vos que é, definitivamente, um livro para curiosos (tal como os outros que referi, de resto). Os casos são muito interessantes per si e/ou pelo contexto dos pacientes. Os nerds da música também vão adorar, sobretudo os que gostam de pensar um pouco sobre o efeito da música nas pessoas. Admito que a frase anterior é uma auto-descrição, pelo que sintam-se à vontade para partilhar experiências.
E leiam o livro, que é giro.