Hoje dei por mim a pensar que, se uma banda ou um artista só fazem boa música quando estão mal, prefiro que não resolvam os seus problemas e continuem a entreter-me.
Todos sentimos isto de vez em quando: há aquelas bandas todas que fizeram álbuns espectaculares no meio de discussões, depressões e sabe-se lá mais o quê, há aqueles tipos que vivem fechados em casa com medo do mundo ou algo do género e há ainda os que transformam o sofrimento em canções brilhantes. Queremos que continuem a dar-nos o melhor, indepedentemente das condições em que o fazem. Na maior parte dos casos, não pensamos nestas condições. Numa mão cheia de vezes, no entanto, pensamos… e mantemos a nossa opinião sem pensar muito no assunto.
Faz parte da vida pública, acho. Ou então sou só eu a sacudir a água do capote. Porque muitas vezes não quero saber. Tudo vale a pena quando o resultado final é a melhor música do mundo. Não me interessa que para isso tenham de andar à porrada todos os dias durante umas semanas em estúdio.
Existe aquela noção de que a melhor arte é exactamente a que advém do sofrimento… mas é bem possível que não, que eu não sei de certeza. Nós, os ouvintes-consumidores-fãs, limitamo-nos a exigir. Entretém-me, animal!
No fundo, o que quero dizer é que não sei se me sinto bem com este meu (nosso!) lado insensível. Até porque, ceteris paribus, gosto que as pessoas sejam felizes.
Só não me mexam na música, pá.