Não tenho pouco para dizer sobre High Violet. No entanto, não tenho conseguido elaborar algo que se assemelhe minimamente a um texto coerente e de leitura agradável e não sei porquê. Vamos a isso.
Os The National são uma das melhores bandas da actualidade. Depois de dois álbuns como Alligator (2005) e Boxer (2007), era impossível achar outra coisa. Agora chegaram a 2010 diferentes, como que sentindo o peso da responsabilidade. De que forma é que isto se reflecte em High Violet?
Posso começar por dizer que não se atiraram de cabeça para a revolução. Posso acrescentar que também não fizeram mais do mesmo. High Violet é um álbum absolutamente seguro, de grande nível. É um daqueles 9/10 inequívocos.
A tensão é alimentada de forma mais inteligente do que em Alligator, onde tudo explodia por todos os lados a determinada altura (”Mr. November”, “Abel” e por aí fora). A tensão é constante, quase sufocante, com uma única excepção – “The Runaway”, paragem para descansar. “Afraid of Everyone”, por outro lado, é o momento em que tudo se conjuga para fazer explodir uma qualquer artéria importante. Letra e música unem-se contra quem ouve a canção como se de um inimigo se tratasse. Mas nunca explode, a vaca.
Este é um álbum menos pop. Menos pop em estruturas – escapa-se o single “Bloodbuzz Ohio” – e em arranjos – ouçam “Terrible Love”, comparem-na com a versão ao vivo e digam-me que não sentem um pequenino desgosto. As melodias estão lá mas parecem estar escondidas por baixo de camadas e camadas de cobertores. E sim, High Violet é um álbum Outono/Inverno, como qualquer álbum dos The National.
Uma palavra especial para as duas últimas canções.
“England” é brilhante. Eu tenho um soft spot para canções épicas e isto é quase uma estreia para os The National. “England” faz-me sentir o vento fresco na cara. Não se liberta da tensão constante de High Violet mas é, em si, libertadora. “England” é uma daquelas canções que consigo ver. Não sei se isto para vocês quer dizer alguma coisa mas garanto-vos que é uma óptima sensação.
A última é “Vanderlyle Crybaby Geeks” e encerra o álbum de forma sublime. Apaga a tensão devagar e os arranjos de cordas desenham outra coisa qualquer, mais descansada, com fim à vista. “Vanderlyle Crybaby Geeks” soa aliviada. Não sei se me dá a ideia de morte mas soa… final.
High Violet mostra-nos uma banda extremamente empenhada em manter uma reputação de excelência. Matt Berninger anda por registos vocais pouco habituais durante uma parte significativa do álbum e são poucas as canções com pinta de êxito pop (nos dois álbuns anteriores, era ao contrário). Mas que isto não vos assuste. Os The National voltaram em grande. High Violet é um grande álbum.