Não fui a muitas edições mas tenho uma relação especial com o Festival Paredes de Coura. Provavelmente, o sentimento nem sequer é recíproco mas cheguei lá e foi amor à primeira vista. Mas o que é feito do festival que nos entusiasmou nos últimos anos com artistas como os The Arcade Fire, Queens Of The Stone Age, Sonic Youth, The National, Morrissey, Broken Social Scene, Electrelane, Pixies, Bauhaus, Foo Fighters e Nine Inch Nails, entre outros?
Confesso que já no ano passado achei o cartaz relativamente desinteressante, apesar de ter dois ou três nomes sonantes. E confesso que também pensei que a culpa era da Everything Is New – que passou a tratar da contratação artística do festival em 2008. Ainda têm de me convencer melhor de que não tem nada a ver com a Everything Is New… mas o mais provável é que o fraco cartaz deste ano tenha a ver mais com um problema que afectou o festival no ano passado: a falta de um patrocinador principal. A Heineken deixou Paredes de Coura e a Ritmos, promotora do festival, decidiu não baixar (pelo menos substancialmente) o preço do patrocínio. Este ano, a história repete-se e o cartaz reflecte a falta de dinheiro.
Entretanto, a Ritmos queixa-se das direcções de marketing das empresas em Portugal: parece que só querem investir em Lisboa. É, de facto, lamentável… mas a Ritmos parece esquecer-se de que não é suposto as empresas fazerem caridade com os seus orçamentos de marketing (vá, há a responsabilidade social… mas deixamos isso para outra altura). Ou acreditam num projecto e nas vantagens que este traz em termos de negócio, ou não investem. É simples.
Por muito que me custe como adepto do festival, das paisagens e das gentes de Paredes de Coura, tenho a certeza de que o caminho a seguir não pode ser o das queixinhas. Tenho a certeza também de que fizeram e fazem o máximo para manter Paredes de Coura ao melhor nível… mas este ano a coisa não correu bem. Se calhar, foi da crise; se calhar, não se souberam adaptar às circunstâncias; se calhar, passou-se alguma coisa que um outsidernão pode sequer imaginar; se calhar, a culpa é da Everything is New! Mas não correu bem, não. E isto vai reflectir-se na bilheteira. E se um festival não ganha muito dinheiro com patrocínios nem com bilheteira, a qualidade tende a diminuir. Depois entra num círculo vicioso e já sabem onde é que isto vai parar, certo?
Se fosse outro festival qualquer, talvez fosse menos compreensivo. Mas é Paredes de Coura e é realmente uma pena. Espero que dêem uma abada aos outros no próximo ano e me obriguem a tirar férias em Agosto.