Os Sparklehorse são a banda mais deprimente do mundo. A sério. Não consigo pôr isto de outra forma. Nunca ouvi nada assim. É óbvio que o contexto contribui muito para esta avaliação. Mark Linkous, que em bom rigor é a mente e o corpo dos Sparklehorse, tentou suicidar-se em 1996, enquanto estava em digressão com os Radiohead. Já este ano, em Março, voltou a tentar suicidar-se… e conseguiu. Tinha 47 anos, muito talento e uma carreira musical brilhante. Isto é o contexto. Agora falta o resto.
Não vou falar aqui de todos os álbuns dos Sparklehorse; vou falar de apenas um: Vivadixiesubmarinetransmissionplot. Este álbum marcou, em 1995, a estreia da banda e viria a ser bastante bem sucedido no circuito alternativo, tanto mediática como comercialmente.
A música dos Sparklehorse vagueia pelos terrenos da folk, da country e do rock, sempre entre o espaço (aquele das naves) e o mais elementar lo-fi. Mas isto é apenas a forma. E Vivadixiesubmarinetransmissionplot é muito mais do que um bom álbum. É, isso sim, o peso do mundo nas nossas costas.
Canções como “Spirit Ditch”, “Weird Sisters”, “Sad & Beautiful World”, “Heart of Darkness” ou a maravilhosa “Homecoming Queen” são impossivelmente tristes mas parecem criações divinas. A guitarra de “Weird Sisters” e o refrão de “Spirit Ditch”, por exemplo, são dos elementos que mais impressionam à primeira audição.
Depois há os momentos de rock alternativo à anos 90 (faz sentido, não?): “Rainmaker”, “Tears on Fresh Fruit”, “Hammering the Cramps” e o gigante single “Someday I Will Treat You Good”. Uma secção rítmica bem animada, um desempenho vocal interessante e um refrão muito, muito catchy fazem maravilhas.
As canções menos catalogáveis acabam por ser as melhores. “Saturday” é um belo elogio aos adiamentos em forma de canção elementar. Já a épica “Cow” leva-me a pensar, primeiro, que os 7 minutos e 15 segundos de duração passam a correr e depois, que um refrão que consiste no versos “Pretty girl / Milking a cow / Oh yeah” merece muito respeito.
Não me quero alongar muito mais. Ouçam o álbum, ouçam-no até saberem o título de cor. É tão bom que vale a pena arriscar uma depressão.