Este é o terceiro de três posts sobre o melhor da música em 2010.
E eis que chega o Ferrari dos tops anuais de música: os 10 melhores álbuns do ano. Foi um ano forte que poderia ter sido gigante se todas as bandas que lançaram discos tivessem estado à altura da ocasião. Escolher os 10 melhores álbuns do ano é uma tarefa sempre dolorosa – agora que penso nisso, nem sei porque é que o faço. Um tipo acaba sempre arrependido. Ainda hoje penso nos erros que cometi no meu top de 2005, vejam lá…
Hoje, os meus dez álbuns favoritos de 2010 são:
10 – Beach House – Teen Dream
Demorei mais do que o normal para ouvir este álbum dos Beach House. A explicação? Não gostava assim tanto de Devotion, o álbum anterior, e isso fez com que não lhes desse muita atenção. Má onda, pá. Agora é uma questão de recuperar o tempo perdido. Canções como “Better Times”, “Norway” ou “Silver Soul” não podem passar ao lado assim.
9 – Belle & Sebastian – Write About Love
Um álbum que começa com uma canção como “I Didn’t See It Coming” tem tudo para desiludir. Pois é um facto que a banda escocesa não volta a estar ao mesmo nível… mas se o fizesse, este seria o álbum do ano. Não é o álbum do ano mas é uma das melhores coisas que por aí se ouviu. “Little Lou, Ugly Jack, Prophet John” (com Norah Jones), “I Can See Your Future” e a já referida “I Didn’t See It Coming” não me deixam mentir.
8 – Junip – Fields
Demorou muito tempo. O primeiro EP é de 2005. O primeiro álbum saiu há alguns meses. Fields percorre os difíceis caminhos da amenidade com graça e suavidade. Guitarra, bateria, teclas (sobretudo teclas!), baixo e percussão bastaram para que José González e companhia nos dessem um grande, grande álbum. Ou “In Every Direction” e “Tide” são exemplos de quê?
7 – Sun Kil Moon – Admiral Fell Promises
A minha relação com este álbum é de distância. Adoro os Sun Kil Moon – incluindo este fantástico Admiral Fell Promises – mas nenhum álbum deles me trouxe tantas dificuldades como este. Em vez de uma banda, temos apenas Mark Kozelek e a sua guitarra. E o álbum é barroco, complicado, difícil de ouvir de uma só vez, difícil de digerir. Mas se se consegue passar além disso, o que resta é sublime. Músicas como “You Are My Sun”, “Half Moon Bay” e a espectacular “Alesund” entram para a galeria das melhores da banda, sem dúvida.
6 – Arcade Fire – The Suburbs
Os Arcade Fire são uma das melhores bandas dos últimos dez anos, disso ninguém tem dúvidas. E The Suburbs é a prova de que, no seu pior momento, os Arcade Fire são muito melhores do que a maioria das outras bandas. Pode não ser suficiente para nós, que esperamos tudo deles, mas os subúrbios estão bem representados. “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”, “Empty Room” e “Suburban War” mostram isso mesmo.
5 – LCD Soundsystem – This Is Happening
Não há volta a dar. Por mais que fuja, venho sempre ter aqui. Os LCD Soundsystem são um dos projectos mais criativos e excitantes da pop. James Murphy é uma espécie de mini-génio contador de histórias dos tempos modernos e, lá está, é impossível fugir disso. Além disso, um tipo farta-se de dançar. Ficam na cabeça “All I Want”, “Dance Yrself Clean”, “Drunk Girls”, “You Wanted A Hit” e “I Can Change”, para não dizer que fica tudo na cabeça.
4 – The Tallest Man On Earth – The Wild Hunt
Não há nada mais esquisito do que um sueco cheio de sentimento telúrico que tem a mania que é o Bob Dylan, certo? Mas olhem que um tipo assim às vezes pode criar música excelente. A julgar por “The Wild Hunt”, “The King of Spain” e a maravilhosa “Kids On The Run”, parece que é o caso.
3 – Broken Social Scene – Forgiveness Rock Record
Enquanto fã, fiquei desiludido… mas Forgiveness Rock Record é para lá de óptimo. São os Broken Social Scene, caraças! Como poderia não estar aqui? “World Sick”, “Forced to Love”, “Art House Director”, “The Sweetest Kill”… mais vale ouvir tudo e pronto.
2 – Titus Andronicus – The Monitor
Que álbum gigante, que coisa grandiosa. Nunca pensei que uma espécie de álbum conceptual sobre a Guerra Civil Americana conseguisse ser assim. Muitas guitarras, muito rock, muito punk, muito barulho. As músicas são épicas, longas, enormes. Tudo aqui parece ter o objectivo de motivar, de nos levar para a guerra com eles. Depois de ouvir coisas como “A More Perfect Union”, “No Future Part Three: Escape From No Future”, “A Pot In Which To Piss” e “The Battle Of Hampton Roads”, contem comigo.
1 – The National – High Violet
O que fazer depois de lançar um álbum como Boxer? Bem, a resposta está aqui: High Violet mostra-nos os The National em velocidade de cruzeiro. Não revolucionaram, não subiram a parada, não se armaram em parvos. Tanto quanto consigo perceber, empenharam-se em continuar excelentes… e conseguiram. Com canções como “England”, “Vanderlyle Crybaby Geeks” ou “Afraid of Everyone”, High Violet é o melhor álbum do ano.
É o top possível. Muita coisa ficou por ouvir, certamente. Para o ano vou ficar todo chateado por descobrir coisas que não são elegíveis para o top… mas o importante é ouvir boa música. Toda a música é nova quando chega aos nossos ouvidos pela primeira vez.