Valter Lobo é um advogado de Fafe cuja música levou a que se começasse a falar dele este ano. Faz música sossegada, ali entre a folk intimista e a pop bem vestida. Eu, até há uma semana, nunca tinha ouvido falar dele.
Inverno é o nome do primeiro EP de Valter Lobo e entrou facilmente pelos meus ouvidos. Nem tudo é perfeito – as letras elogiadas por essa internet fora, por exemplo, não me agradam especialmente – mas a música em si é surpreendentemente boa. “Surpreendentemente” porque, convenhamos, é o primeiro disco do homem.
O contraste entre letras aparentemente ingénuas, simplistas e românticas (num sentido lato) e texturas sonoras ricas e complexas tornam a música de Valter Lobo muito interessante. No limite, dá vontade de ouvir pelo menos mais uma vez… e eu acho que já vou na quinta ou sexta volta.
“Eu não tenho quem me abrace neste Inverno” (podem fazer download do tema aqui) aquece-me o coração mal o EP começa. E a coisa segue por aí fora, com “Raios de luz”, “Pensei que fosse fácil”, “Canduras agruras” e “Olha por mim” (que encerra o EP) a darem seguimento aos meus mixed feelings, normalmente com origem nas letras. É que não sei o que achar dos clichés: por um lado, ei, há um motivo para serem clichés (são sentimentos e ideias comuns); por outro, gera-se uma certa sensação de que já ouvi isto em qualquer lado (e lados como João Pedro Pais não são especialmente bons). Mas musicalmente, lá está, está bem acima da média.
Creio que podia arrastar o texto mas ia repetir-me imenso. Neste momento, dou a vitória ao benefício da dúvida, às melodias pop, ao bom gosto musical e à voz segura. Neste momento, vou ficar à espera do que vem a seguir.