Confesso que não estava à espera de gostar tanto de Carrie & Lowell, o mais recente álbum de Sufjan Stevens.
Até simpatizo com o rapaz e, como qualquer pessoa de bom coração, adoro Illinoise, um dos álbuns-estado que conta com canções gigantes como “Chicago” e “Jacksonville”. Mas há tanto para desbastar na música de Sufjan Stevens que uma pessoa até fica cansada.
Mas Carrie & Lowell é diferente. Não tenta ser, de forma alguma, grandioso. Não se espalha por todos os cantos do mundo a tentar passar uma mensagem (ou várias). É, tão simplesmente, um álbum sobre a família.
Motivado pela morte da mãe em 2012, Sufjan Stevens criou um álbum meio voyeurístico sobre a sua família, recheado de episódios e sentimentos muito distintos e impecavelmente musicado.
Carrie & Lowell é um álbum modesto e doce e querido, mais por força da voz de Sufjan Stevens e do sossego musical que o domina do que pelas canções propriamente ditas. É contido e poderia parecer quase passivo-agressivo se não se sentisse ao longe aquele amor inesgotável a que a família tem direito.
É muito, muito bom. Dos melhores do ano. Era difícil não ser com canções como “The Only Thing”, com a sua levíssima evolução, “Eugene”, uma bela piscadela de olho a Simon & Garfunkel, “Should Have Know Better”, a coisa mais Illinoiseiana que Carrie & Lowell nos traz, e o lindo, maravilhoso, emocionante tema de abertura “Death With Dignity”.
O único problema do álbum é que pode tornar-se aborrecido, se não estiverem para aí virados. Mas é como tudo na vida, certo? Deem tempo ao tempo.