Slow soul. Para mim, Fresh Blood, o novo álbum de Matthew E. White é isto. De uma ponta à outra.
Fresh Blood é o segundo álbum de Matthew E. White mas eu só conheci o tipo há algumas semanas. A primeira ideia que me surge ao ouvi-lo é a de que, caraças, não é na voz que está a força da música dele, claramente. Quer dizer, a primeira ideia que me surge… depois de pensar em vários conceitos certamente explorados em filmes eróticos franceses.
Adiante: o álbum é muito agradável de uma ponta à outra. Em “Rock & Roll Is Cold”, o rock’n’roll é frio, o r’n’b é livre e “everybody likes to talk shit”. Tudo isto com metais, um piano típico de bar e uma voz quase sussurrada. O que pode uma pessoa querer mais?
Bem, pode querer ouvi-lo cantar (em “Love Is Deep”):
Love is deep
Love is deep shit
Agora sim, o que pode uma pessoa querer mais?
Vão conseguir ouvir Fresh Blood do início ao fim tranquilamente. Tudo vai começar quando ouvirem o refrão de “Take Care My Baby”. Mas não vão ficar-se por aí. Vão perder-se nos metais, nas cordas, no baixo e nos coros. E quando derem por ela, estão a ouvir o álbum novamente.
Uma canção como “Holy Moly”, que cresce e cresce até ao ponto em que já não tem outro caminho além do fade out, merece destaque especial. A bateria enorme, as cordas envolventes e, claro, aquele auge:
Fuck’em all
Love is home
Home is love
Fuck’em all
Fuck’em all
Love is home
Home is love
Love is all
E por aí fora.
A outra que me merece todo o destaque do mundo é “Feeling Good Is Good Enough”. Parece que viajámos no tempo até aos anos 70 e que encontrámos a fórmula perfeita para obrigar as pessoas a fazerem singalong. Tudo isto com um piano de bar lá metido no meio, lalalas e uma sensação de que tudo está bem quando acaba bem.
Matthew E. White soa um bocado frouxo? Sim, soa. As letras têm os seus lugares comuns? Sim, têm. O álbum é especialmente inovador? Não creio, não. Mas… soa tudo tão bem. Não há qualquer esforço envolvido e às vezes isso basta. Feeling good is good enough, não é?