O estado da indústria discográfica nos Estados Unidos

vinil

Vendas de vinil e streaming empurram o mercado para a frente.

O streaming de música representou em 2015, pela primeira vez, a maior fatia de receitas da indústria discográfica nos Estados Unidos, de acordo com um relatório divulgado esta semana pela Recording Industry Association of America (RIAA). Com 34,3%, o streaming foi responsável por mais de um terço dos 7 mil milhões de dólares (aproximadamente 6,3 mil milhões de euros) que a indústria faturou no ano passado, ultrapassando os downloads, que representaram 34%. A fechar, as vendas físicas representaram 28,8% e o licenciamento para televisão e outros media 2,9%.

No fim das contas, a indústria cresceu 0,9% em 2015, puxada sobretudo pelo streaming, cujas receitas aumentaram 29% num ano. Aqui, destacam-se pela positiva as subscrições pagas, que cresceram 52% e representam mais de metade dos 2,4 mil milhões de dólares (cerca de 2,1 mil milhões de euros) originados por este tipo de serviços. Em contrapartida, o streaming gratuito com base em publicidade (que não inclui rádios online como o Pandora, por exemplo) representou apenas 385 milhões de dólares (cerca de 345 milhões de euros), o que deixa algumas perguntas no ar acerca da viabilidade deste modelo de negócio, sobretudo tendo em conta que este valor representou um crescimento de 31% relativamente ao ano anterior.

Mais de dois terços das receitas da indústria discográfica nos Estados Unidos têm origem no mercado digital e as receitas dos formatos físicos caíram 10,1% para 1,9 mil milhões de dólares (cerca de 1,7 mil milhões de euros) e 123 milhões de cópias vendidas, mas nem tudo são más notícias. O vinil continua a recuperar algum terreno: cresceu 31,8% para 423 milhões de dólares (378 milhões de euros), representando mais do que o streaming gratuito.

Tendo em conta a quase ubiquidade do streaming gratuito, sobretudo via Spotify e YouTube, não deixa de ser relevante que um formato que até há muito poucos anos estava vivo apenas num nicho de mercado traga significativamente mais dinheiro. É possível que a situação atual do vinil não seja totalmente sustentável, dadas as altas margens de lucro e os preços com que as editoras estão a trabalhar. O vinil tem sido tratado como um produto premium e a falta de capacidade de produção não tem ajudado a torná-lo mais acessível, mas 20-30 euros que se pagam atualmente por álbuns novos não parecem ser um modelo de futuro. E pronto, podemos sempre pôr água na fervura com este gráfico:

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É óbvio que a indústria passou de um sistema de formato único para um ambiente bastante mais complexo, mas ainda assim é interessante podermos ter uma certa noção das diferentes escalas.

No fim das contas, apesar da quebra nas vendas físicas e nos downloads, estes números são boas notícias para a indústria discográfica nos Estados Unidos. Falta perceber se o streaming gratuito com publicidade tem futuro ou se caminhamos definitivamente para um modelo de streaming exclusivamente pago, mas pelo menos o mercado está a adaptar-se à forma como as pessoas consomem música e a fazer algum dinheiro com isso.