Os My Morning Jacket são esquisitos. A maior parte do tempo são uma banda indie (82% de rock, 13% de psicadelismo, 3% de country e 2% de funk), e das mais interessantes que anda ali pelos Estados Unidos. Mas às vezes dá-lhes a travadinha e seguem caminhos que não lembram a ninguém. De vez em quando, são tudo e mais alguma coisa num álbum só.
Evil Urges é parte travadinha, parte mais do mesmo. A travadinha vem logo no arranque, com “Evil Urges”, “Touch Me I’m Going to Scream” e “Highly Suspicious”. Aqui, destaca-se “Highly Suspicious”, uma música que parece simplesmente ser a gozar. A sério. Funky rock’n’roll altamente suspeito, devo mesmo dizer. “Evil Urges” até que é gira mas nem sequer parece uma música deles. “Touch Me I’m Going To Scream” é só aborrecida. As três juntas são um circo de aberrações.
Só depois é que a coisa começa a ficar mais parecida com um álbum dos My Morning Jacket, ainda que “I’m Amazed” não seja a melhor forma de introduzir a parte (mais ou menos) convencional do álbum. De resto, é muito provável que este seja o grande problema. Não há muitas músicas que pudessem introduzir como deve ser a parte em que eles começam a soar a algo relativamente parecido com o que fizeram anteriormente. Pessoalmente, gostava de ver “Aluminum Park” e “Remnants” mais bem acompanhadas mas não há hipótese: as restantes não chegam.
É impossível, tendo termo de comparação, não comparar Evil Urges com Z, que são os dois álbuns que conheço dos My Morning Jacket (e os dois últimos, já agora). E Z é mil vezes melhor do que Evil Urges. Àquilo que chamo de parte convencional, faltam coisas como “Lay Low” ou “Gideon”. E é uma pena.