Há muito que os Wilco nos deviam um concerto em Portugal. Anteontem estrearam-se em Braga, ontem estiveram no Coliseu. E eu também.
Com um novo álbum quase a sair e 15 anos destas andanças na bagagem, os Wilco fizeram o que se esperava deles e deram um espectáculo muito bom. Passaram por uma série de álbuns, entre os quais o obrigatório Yankee Hotel Foxtrot, fazendo deste concerto uma espécie de resumo da carreira da banda com o álbum que lhes trouxe reconhecimento generalizado como peça central.
Folk rock, alt country e solos de guitarra a roçar o psicadelismo dominaram a noite mas foram “Jesus, etc.”, “I am trying to break your heart” e “Hummingbird” as que mais impressionaram. O que também impressionou foi a execução irrepreensível de cada uma das músicas do set. E a duração do encore, já agora, que se estendeu por 40 minutos.
De resto, esperava ouvir mais algumas músicas de Wilco (The Album) – tocaram três, se não estou em erro, entre as quais “Wilco (The Song)” a abrir e a já referida “Bull Black Nova” – e menos de Sky Blue Sky, que ainda teve direito a umas quantas. Tinha esperanças que tocassem mais algumas das minhas favoritas – “Misunderstood”! – mas não.
Jeff Tweedy esteve espirituoso e mais ou menos condescendente no diálogo com o público, o que tornou a interacção engraçada. Ah, e para o caso de estarem interessados, disse que a banda volta para tocar as músicas que as pessoas iam pedindo aos gritos. Temos de acreditar.
Resumindo: foi um concerto à imagem da banda. Não alimento especialmente o culto mas gosto do trabalho dos Wilco. E gostei do concerto. Ao vivo são menos “música para road trip de fim-de-semana” e mais “rock on, baby!” mas, seja qual for o modo, a música é genuinamente boa. E assim vale a pena.