Sky Blue Sky foi o único álbum dos Wilco que ouvi no momento certo. Não me recordo se foi a primeira vez que o ouvi mas sei que foi definitivamente a mais consciente de todas. Foi no ano passado, num sábado solarengo de Maio, creio que apenas uns dias depois de ter sido lançado.
Ouvi a primeira metade numa viagem calma de autocarro e a segunda nos minutos que se seguiram a andar a pé no Monsanto. Não fui passear; tinha um objectivo específico (poupem nas piadas, se quiserem; se não quiserem, não faz mal).
Andei, andei e andei. O álbum lá terminou comigo sentado numa paragem de autocarro algures entre os Montes Claros e o Pólo Universitário da Ajuda.
Ao contrário dos álbuns anteriores, Sky Blue Sky acertou em cheio. A temperatura, as cores da rua e até a invulgarmente calma viagem juntaram-se a músicas como “Either Way”, “Walken”, “On and On and On” e “What Light” especialmente para me agradar. É uma perspectiva um tanto ou quanto egocêntrica, se calhar.
E depois tinha “Side with the Seeds”, esses monumentos em forma de canção. Se o álbum fosse todo assim, bem poderia ser um domingo passado na fila de uma qualquer caixa do Continente do Colombo, uma hora antes de um jogo do Benfica no Estádio da Luz. Porque se é para ter guitarras assim, nem é preciso contexto.
Acredito sinceramente que há álbuns assim. Não é que precisem de auxílio para soar bem mas é um facto que resultam melhor em momentos e ambientes específicos. Já tinha pensado nisto relativamente a outros álbuns, geralmente mais experimentais ou difíceis de digerir, mas nunca um se tinha tornado tão facilmente identificável. Sky Blue Sky é um dos meus álbuns de fim-de-semana por excelência.