Parece que o iTunes ultrapassou a barreira dos 5 mil milhões de downloads. Isto significa que, entre 2003 e 2008, a média é de mil milhões de downloads por ano, um número significativo e que tem tendência a aumentar. A estratégia iPod + iTunes da Apple possibilitou que a loja digital passasse rapidamente de uma novidadezinha a um negócio importantíssimo num mercado que continua a encolher.
Ainda que não compreenda a opção pela compra de MP3 de qualidade moderada na maior parte dos casos, posso dizer que já comprei alguns EPs e umas quantas músicas soltas no iTunes. Por um lado, o facto de o preço estar tabelado à unidade é muito atractivo (pago muito menos por um EP no iTunes do que se o quiser em disco). Para além disto – e este é o elemento que mais me atrai –, têm uns quantos lançamentos exclusivos.
Fora isto, não percebo como é que é possível comprar-se, por exemplo, o álbum dos Coldplay no iTunes quando, ao lado, se encontra o mesmo álbum, por vezes com melhor qualidade, de graça. Para além disto, o download através do iTunes é muito confortável e rápido (mais do que através de BitTorrent e RapidShare, por exemplo)… mas a gestão dos ficheiros é muito mais fácil quando não há limitações ao nível da gravação e da cópia. Veja-se o caso da MSN Music, que agora teve alguma evolução.
O iTunes, como a maior parte das lojas de música digital, oferece a troco de dinheiro o que outros oferecem (ilegalmente) de graça. Eu, que adoro o CD, esse formato que todos começam a deixar de lado (seja para avançar para o download, seja para readoptar o vinil), acho difícil que este negócio se torne no principal modelo de venda de música. No género pago, aliás, prefiro muito mais o modelo de subscrição do eMusic, que peca somente por ter um catálogo e um plafond de downloads muito limitados.
O iTunes é uma solução muito inteligente para a Apple, que só tem a ganhar com isso. O consumidor ganha um pouco em conforto no curto prazo mas, com o tempo, perde liberdade. Em caso de avaria do computador, fica sem o produto que comprou. Se quiser apagar um ficheiro temporariamente, terá de o gravar em CD antes (e lá se vai o conforto de não ter CDs à mistura); se o perder por uma avaria no computador, fica sem ele. Para além disto, as limitações destes ficheiros implicam que só se possa ouvir a música num número limitado de computadores e que só se possa gravar os ficheiros um determinado número de vezes. Uma chatice, portanto.
No que diz respeito a comprar, continuo a preferir o CD a tudo o resto. Agora podia pôr-me para aqui a falar do prazer de abrir a caixa pela primeira vez, pegar no booklet e todas essas coisas… mas digam-me vocês o que preferem. Entretanto, para os que não gostam de comprar há sempre o Jamendo, o portal de música livre que conta já com dez mil álbuns para download. Números bem diferentes dos do iTunes mas, ainda assim, muito interessantes.