Adoro lados B. Quer dizer, não independentemente das músicas que lhes dão corpo. Mas adoro a ideia consubstanciada no lado B: o facto de haver algo mais, que se esconde por trás do single, que é fruto das mesmas sessões de gravação e que foi deixado mais ou menos de lado. No fundo, adoro descobri-los e revoltar-me com as bandas que os editaram por não os terem posto nos álbuns.
Comecei a prestar-lhes atenção com Radiohead, que têm um mundo de canções meio escondidas em várias dezenas de discos. Depois comecei a reparar nos outros e nunca mais parei.
Quase tudo o que digo aqui interessa a muito pouca gente mas gosto de acreditar que os que lêem o que escrevo, ouvem as músicas e vêem vídeos que por aqui reúno se interessam realmente. Confio que procuram benefícios quando aqui vêm e espero que os encontrem de vez em quando. E é esta lógica que gosto de ver aplicada na música.
O podcast é um bom exemplo mas há outros, sobretudo os que permitem um contacto directo entre músicos e fãs. Mas há mais, e os lados B são definitivamente outro bom exemplo. Se virmos a coisa pelo lado do marketing, não é que a edição de lados B contribua fortemente para que o artista venda mais; antes, é uma bela forma de dar mais aos fãs mais dedicados (ou aos melhores consumidores, se preferirem). Não é gratuito (pelo menos por regra) mas ajuda a fortalecer a base de fãs e o culto.
Pessoalmente, quando gosto muito de determinada banda ou artista, adoro a hipótese de conhecer sempre mais. Os lados B são isso, uma extensão. Muitas vezes, consigo perceber o motivo pelo qual determinada música não chegou ao alinhamento do álbum. Mas é a rara ocasião em que a música me arrasa que me faz ficar contente por me dar ao trabalho de ouvir o outro lado do single.