Os Sonic Youth lançaram The Eternal e eu já o ouvi umas quantas vezes. Ainda assim, acho que não tenho uma opinião muito definida sobre o álbum.
Partam do princípio de que um álbum dos Sonic Youth é sempre bom… porque, em princípio, é assim mesmo. Pessoalmente, nunca gostei tanto dos discos deles como gostei do concerto que vi em Paredes de Coura há dois anos. Se querem ouvir aquelas guitarras em todo o seu esplendor, ao vivo is the way to go. Mas, lá está, os álbuns não são maus, longe disso.
O meu álbum favorito é o Daydream Nation. A minha música favorita é “Teen Age Riot”. Gosto do Goo, gosto do Rather Ripped. Os outros, conheço-os mal. Já me situaram na matriz Sonic Youth? Ainda bem.
A grande vantagem de The Eternal, identifico-a facilmente: é a capacidade de replicar, a espaços, a experiência de ouvir Sonic Youth ao vivo. As explosões de distorção com um volume considerável de “Antenna” e de “Massage the History” deixam um tipo a pensar que, com tanta porcaria que cá vem, os Sonic Youth bem podiam vir a Portugal mais frequentemente. E, claro, não faltam outras músicas boas, como “Thunderclap (For Bobby Pyn)”, “What We Know” e “Sacred Trickster”.
O que me confunde é o resto. The Eternal é, no geral, os Sonic Youth do costume. Aqueles que murmuram/gritam palavras enquanto as guitarras de Thurston Moore, Lee Ranaldo e, ocasionalmente, Kim Gordon produzem ruído mágico. Aqueles para quem o feedback é tudo. Aqueles para quem um estúdio não basta porque é preciso um palco com um P.A. gigante.
The Eternal é, quer-me parecer, apenas mais um longa-duração numa carreira cheia de coisas boas. O que quero dizer é que os Sonic Youth já não revolucionam. São gigantes, fantásticos e tudo o mais… mas já não revolucionam.