O melhor de 2009 – canções

boniverbb1

Este é o primeiro de dois posts sobre o melhor da música em 2009.

Chegou aquela altura do ano. Para mim, o 2009 da música foi atípico a quase todos os níveis: ouvi menos música e menos artistas, fui a pouquíssimos concertos e escrevi sobre música muito menos vezes do que gostava. Portanto perdoem o aparente caos (conceptual?) destes dois posts. Para já, fiquem com as minhas canções favoritas de 2009. Escusado será dizer que esta lista serve para hoje. Amanhã talvez mude de ideias.

10 – Los Campesinos! – “The Sea Is A Good Place To Think Of The Future”

Depois de editarem dois álbuns em 2008, os Los Campesinos! decidiram poupar-se para 2010. “The Sea Is A Good Place To Think Of The Future” é a única amostra que nos deram em 2009 de Romance Is Boring, o próximo álbum. Épica e grandiosa – pelo menos em intenções -, “The Sea Is A Good Place To Think Of The Future” só pecou por não ter vindo logo agarrada a um álbum cheia de canções do género.

9 – Metric – “Sick Muse”

Confesso: adoro quase tudo o que a Emily Haines faz. A culpa, claro, é dos Broken Social Scene mas a verdade é que, tanto a solo como com os Metric, só muito dificilmente ela desilude. “Sick Muse” condensa um pouco esta minha ideia. Pop empacotada na perfeição.

8 – The Decemberists – “The Hazards of Love 2″

É possível que a minha relação com a música dos The Decemberists seja mais ou menos perversa. É raro gostar de um álbum por inteiro – eles são uma espécie de reis do prog-country – mas há sempre uma música que me agarra. Em The Crane Wife, era “The Crane Wife 3″. Em The Hazards of Love, temos “The Hazards of Love 2″. Sim, eu sei que esta coisa dos números é um pouco ridícula mas o que é que querem?

7 – Bat For Lashes – “Siren Song”

Sim, eu sei que toda a gente gosta muito é de “Daniel”. Mas eu prefiro esta. É repetitiva e  todos os instrumentos disparam na mesma direcção, em crescendo, até ao ponto em que se torna impossível crescer mais e a coisa pára. Reina uma sensação de que vem aí uma fantástica rainha do gelo. E olhem que para esta ideia me entrar na cabeça é preciso algo especial. Neste caso, uma canção.

6 – Wilco – “One Wing”

É certamente uma das músicas que mais ouvi este ano. Estradas alentejanas, finais de tarde de fim-de-semana. “One Wing” é isso.

5 – Tiny Vipers – “Dreamer”

Descobrir Tiny Vipers foi como uma epifania. Guitarra acústica e voz às vezes chegam mesmo.

4 – Radiohead – “Harry Patch (In Memory Of)”

Não podem dizer honestamente que estão surpreendidos, pois não? Quer dizer, a haver surpresa nesta minha escolha, só se for o facto de não estar em primeiro… Mas deixemos de lado essa questão mais formal. Pode não vir incluída num álbum mas “Harry Patch (In Memory Of)” é grande. Marca a estreia dos Radiohead neste formato orquestra (pelo menos no que diz respeito a material editado). De letra e intenções simples e com uma melodia lindíssima, esta canção só podia estar nesta lista.

3 – Danger Mouse & Sparklehorse feat. Wayne Coyne – “Revenge”

Apenas um exemplo das muitas canções brilhantes que saíram de Dark Was The Night, um álbum de Danger Mouse, Sparklehorse e David Lynch recheado de surpresas. Em “Revenge”, Wayne Coyne, vocalista dos The Flaming Lips, fala-nos da irreversibilidade e das consequências da vingança. A música aconchega-nos com uma secção rítmica quente, como que a dizer “não liguem, que ele está a brincar!”. É a introdução perfeita a um álbum perverso e intenso como Dark Was The Night.

2 – Thom Yorke – “Hearing Damage”

Mais um suspeito do costume. Ainda que me surpreenda muito esta insistência da saga Twilight em editar bandas sonoras de grande nível, não posso deixar de elogiar as boas escolhas. Thom Yorke é um dos nomes mais sonantes da banda sonora de New Moon e “Hearing Damage” uma das melhores músicas do ano. No filme, não passa despercebida. Na aparelhagem, no computador ou no iPod, muito menos. Se mais não houvesse, o baixo bastaria. Mas há mais.

1 – Bon Iver – “Blood Bank”

Melhor música do ano. Não sei que mais posso dizer. A guitarra começa calmamente e vai crescendo aos poucos, à medida que a canção ganha pulso. O resto surge naturalmente. É estranho mas, pela segunda vez consecutiva, a minha música favorita do ano tem a assinatura de Bon Iver.

Tal como no ano passado, não foi difícil eleger o primeiro lugar. Se as canções pudessem andar à porrada, “Re: Stacks” ainda ganharia a “Blood Bank”, claro. Mas não por muito.