Depois de morte, cancro e hospitais no genial Electro-shock Blues, do suicídio em Blinking Lights and Other Revelations e do desejo desesperado em Hombre Lobo, agora é a vez da velhice. End Times é mais um álbum conceptual da banda de Mark Oliver Everet e, desta feita, a coisa saiu diferente.
As guitarras acústicas e o piano continuam lá mas a pop viciosa que se tornou imagem de marca dos Eels foi inteiramente substituída por rock e blues sujos – um processo que já tinha começado, de resto, em Hombre Lobo no ano passado.
Agora – e para abrir o ano em beleza – Everett fala-nos de uma idade em que poucos pensam antes de lá chegarem (por uma questão de sanidade mental, talvez, mas esse é um argumento fraco para este desgraçado), da tristeza, da solidão e da nostalgia de outros tempos. Ah, e o amor, sempre o amor. Nesse sentido, aquele tipo barbudo da capa parece mesmo aquilo que o título anuncia – alguém à espera do fim, como se aquela fosse já uma pós-vida, um momento em que tudo está feito e resta esperar.
Mais do que ouvir, pensar no tipo de coisas que este End Times nos traz é absolutamente deprimente. É para isto que caminhamos, caros amigos. Os mais sortudos, isto é. E a esta luz, o resto perde importância.
Mas ouvir End Times é um óptimo exercício musical: o contraste entre a crua “The Beginning” e uma “A Line In The Dirt” vestida de gala é demonstrativo do tipo de patifarias que podemos esperar deste álbum. E o final com a (só) aparentemente doce “Little Bird” e a levemente esperançosa “On My Feet” (com Everett, isto é esperança: “But you know I’m pretty sure / That I’ve been through worse / And I’m sure I can take the hit”) é possivelmente a melhor forma possível de fechar este álbum.
E a melhor forma de fechar este post, já agora.