Confesso que não estava totalmente convencido de que assim seria mas o concerto dos Yo La Tengo na Aula Magna foi excelente. Esquizofrénicos q.b. – passam do pós-punk cheio de feedback à Sonic Youth para a mais leve pop do mundo sem grandes constrangimentos – e dotados de uma energia inesgotável, os Yo La Tengo demonstram porque é que, apesar de nunca terem sido um sucesso comercial, já andam nisto há mais de 25 anos e ninguém lhes pede que parem.
Insisto numa ideia: Ira Kaplan é um dos melhores guitarristas do mundo. Não sei se o é tecnicamente – não tem definitivamente um perfil de virtuoso – mas é-o certamente na utilização do feedback, no sentido de oportunidade e na relação da melodia com a electricidade. E em concerto não engana: é, justamente, o centro de todas as atenções. Está bem que parte desta atenção que lhe é dada tem a ver com o facto de ele estar sempre muito próximo de partir guitarras… mas ainda assim!
Surpreendeu-me o excelente desempenho vocal de Georgia Hubley, de quem esperava algumas falhas devido à aparentemente frágil voz que ostenta, e a boa onda do trio, que quase forçou o público a interagir.
No alinhamento, é difícil não haver falhas para quem conhece tão pouco deles como eu. Faltaram-me “From a Motel 6” e “I Heard You Looking”, de Painful, e ainda as mais calmas “I Feel Like Going Home” e “Broken Flowers” de I Am Not Afraid of You and I Will Beat Your Ass. Popular Songs foi naturalmente o álbum a que mais recorreram mas “The Story of Yo La Tango” (sim, é Tango) foi a que mais brilhou, sem dúvida. Fossem todas assim e o concerto teria sido perfeito, certamente.
Nota: a foto é da autoria do Gonçalo Sítima – podem ver mais umas quantas referentes ao concerto dos Yo La Tengo no FestivaisPT.