Os Sonic Youth tocaram ontem no Coliseu de Lisboa e provaram mais uma vez porque é que os anos passam e eles continuam a encher salas sem problemas.
Os anos passam e isso vê-se nas rugas de Kim Gordon ou na cor do cabelo de Lee Ranaldo – se bem que ele parece que já tem ali aqueles grisalhos desde sempre! Mas ficamos por aí. Porque continuam tão irreverentes e irritantemente bons como nos bons velhos tempos.
Estes bons novos tempos trouxeram a Lisboa uns Sonic Youth focados sobretudo no último álbum e ninguém parece queixar-se disso, apesar dos quase 30 anos de carreira da banda. O álbum é bom e é claro que faltaram milhões de canções clássicas, entre as quais “Teen Age Riot”, a minha favorita, mas quando uma banda nos dá um concerto deste nível, a tendência é para deixarmos estas coisas de lado.
Já os tinha visto em Paredes de Coura e tinha adorado. Vi-os ontem, novamente, como se da primeira vez se tratasse. Fiquei outra vez de boca aberta com a força daquelas guitarras, daquelas músicas. Ainda por cima, The Eternal, do qual só não tocaram dois temas um tema, consegue ter momentos ainda mais pesados do que Rather Ripped(que, tanto quanto consigo dizer, não teve direito a qualquer música no alinhamento).
Ninguém trata melhor as guitarras que os Sonic Youth. E quer-me parecer que eles devem ter feito uma daquelas coisas do “cavalinho branco até à morte” porque não consigo imaginar sequer outra banda a superá-los neste campo. E o feedback, meus amigos, o feedback!
Enfim, já perceberam que o concerto foi muito, muito bom. E os pontos mais altos foram, porque o público tem memória, as viagens ao passado: “Schizophrenia” (Sister), “’Cross the Breeze” (Daydream Nation) e “Death Valley’69” (Bad Moon Rising), que encerrou o concerto da segunda melhor forma possível (já falei da “Teen Age Riot”, certo?).
Concerto gigante. Concerto do ano, provavelmente. Mais guitarras!