Super Bock Em Stock: o segundo (e último) dia

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Depois de B Fachada e Jorge Palma na sexta… ao segundo dia, mais música portuguesa. Sim, acho que aproveito estes festivais de nomes semi-desconhecidos do estrangeiro para ver os de cá.

Só consegui ver três concertos. Andei mais devagar, descansei entre concertos e aproveitei que não chovia dentro dos recintos para me manter relativamente seco.

Márcia

Cheguei cedo à estação de metro do Marquês de Pombal para a conseguir ver (ou seja, para não acontecer o mesmo que me tinha acontecido com o Jorge Palma). A minha ideia inicial até era ver Lula Pena e não Márcia. Mas o facto de não alimentar grandes expectativas relativamente à primeira (as expectativas que tinha estavam relacionadas com o sono) fez com que mudasse de ideias em cima da hora. E ainda bem que o fiz. Que coisa maravilhosa. Saí de lá muito cedo por causa dos Junip… mas saí com muita pena. A voz quente, as letras (à primeira vista) interessantes, a atitude, a boa música… tudo ali era bom. Bem, excepto os pingos que teimavam em cair em cima das pessoas.

Junip

O trio tornado quinteto encabeçado por José González começou a tocar à hora marcada e é impossível achar que eles poderiam dar mais do que deram. O concerto foi calmo, intimista q.b. e… de uma qualidade excepcional. Foi um concerto à imagem de Fields, o álbum que acabam de lançar. Pontos altos? A teimosa “Black Refuge”, o single “Always”, a (muito pouco) crescente “Without You”, “To The Grain” e definitivamente “Tide”, o tema que encerra o álbum. Bateria e percussão discretas em contraste com as teclas de Tobias Winterkorn e com a guitarra de José González fizeram as delícias de todos os que compuseram a sala 1 do cinema São Jorge. Foi um daqueles concertos de que se sai com um sorriso na cara. Não foi arrebatador, não foi uma daquelas experiências que mudam uma vida. Foi simplesmente um grande momento de música, uma boa recordação.

Linda Martini

Os Linda Martini são uma das melhores bandas rock portuguesas. O parque de estacionamento do Marquês de Pombal é certamente um dos piores sítios para ouvir música ao vivo. Resumindo, é isto… mas vamos lá explicar um bocadinho melhor. A música dos Linda Martini é óptima: pós-punk, pós-rock e, bem, rock, de grande nível cantado em Português. Ainda não me cruzei com o último álbum deles mas, pelo que ouvi, não me parece que estejam a seguir um mau caminho. E, numa noite em que estava quase toda a gente a tentar assistir ao concerto da Janelle Monáe (grande, grande fila… mesmo depois de o concerto ter começado), foi bom ver que havia um número considerável de pessoas disponíveis para ouvir aquelas guitarras irritadas e aquela bateria descontrolada dos Linda Martini. Eles andam aí desde 2003/2004 mas parece que já estão de pedra e cal. Primeiro, a quantidade de fãs (daqueles a sério) que os acompanham, que sabem as letras de uma ponta à outra é assustadora. Depois, quando se ouve músicas como “Amor Combate” (não há amor como o primeiro), “Este Mar”, “Dá-me a tua melhor faca” ou “Cronófago”, fica-se com a ideia que já lá vai muito tempo. Mas não. Eles ainda agora chegaram e já mandam nisto tudo.

Só não mandam o suficiente para tocar num sítio de jeito… A Garagem Vodafone, como decidiram chamar ao parque de estacionamento, é horrível. Calor insuportável, péssima acústica (não se percebia nada do que diziam ou cantavam no palco) e muito, demasiado fumo (e, consequentemente, demasiado ruído provocado pelo alarme de incêndio). O concerto foi bom… mas, ao mesmo tempo, foi uma pena.

Quanto ao festival no seu todo, foi muito interessante. Acho que nunca fiz tantas vezes a Avenida da Liberdade para cima e para baixo em tão pouco tempo. Da folk ao rock, da electro à pop… houve de tudo no Super Bock Em Stock. E foi bom. Um tipo não consegue ver tudo o que quer ver (eu queria ver I Blame Coco, por exemplo, mas era ao mesmo tempo que Junip)… mas termina a noite a arrotar a boa música.