O inimigo único

Luís Montez

Já passou muito tempo desde o Super Bock Super Rock. Pelo menos, tendo em conta a forma como lidamos com o tempo na Internet. Duas semanas e meia é muito tempo na Internet.

Parte da minha indisponibilidade para escrever sobre isto tem a ver com trabalho. A outra parte é culpa do Luís Montez. E sim, estou a aproveitar-me de uma das clássicas regras de comunicação política – o inimigo único – mas não me interessa. A culpa é do Luís Montez.

E porquê? Porque promove um festival com um cartaz fantástico… num sítio de merda. Três caixas Multibanco para 30 mil pessoas, pó por todos os lados, falta de luz, público a mais para o local, trânsito infernal, área de campismo incrivelmente má (e eu não fiquei lá)… e completem vocês a lista. A sério. Façam-no nos comentários.

Não me vou alongar e nem pensem que vou escrever sobre os concertos, que não quero dar à Música no Coração a oportunidade de juntar feedback positivo aos relatórios que fazem para os patrocinadores. Não que eles devam ver o que se escreve na Web, tenho a certeza, já que estamos em Portugal e há uma regra qualquer que impede as empresas de olharem para as internetes. Aliás, a esta altura já começo a duvidar que apresentem relatórios aos patrocinadores. Basta-lhes pôr o Luís Montez a falar. Ouvi-lo é como ler páginas cheias de gráficos e tabelas – uma inspiração. Quem precisa de um relatório?

Luís Montez disse que o festival atrai “amantes de música a sério, que estão dispostos a passar por alguns sacrifícios para ver e ouvir os seus ídolos”, que “o pó vai continuar nos próximos dez anos” e que ficou provado que aquele é o “local ideal” para o SBSR. Boa, pá.

Depois de ouvir muitas conversas cruzadas e de me chegarem muitos comentários, pergunto apenas: quanto paga a Música no Coração para fazer ali o festival?

Pois.

Para o ano encontramo-nos lá outra vez, está bem?