O Shuffler.fm não é bom mas os Milo Greene são

Shuffler.fm

A ideia era experimentar o Shuffler.fm, uma espécie de rádio web baseada em blogs que tem sido louvada pelos neófilos que mais lemos na Internet. Apesar dos inúmeros elogios das autoridades MidemSXSW e Wired, entre outras, não tinha ficado com grandes expectativas para este serviço que também tem aplicações para iPhone e iPad.

A verdade é que as diferenças entre isto e a velhinha Hype Machine não são muito grandes. É apenas um amontoado aparentemente aleatório de música dividida por géneros (como se a rádio fosse apenas isso) e, a julgar pelo site e pelo iPhone (a aplicação para iPad é muito, muito limitada), as coisas que as pessoas ouvem parecem fortemente focadas em coisas que não conheço de lado nenhum. Mas reparem que, quando digo “fortemente” não estou apenas a acrescentar um advérbio de modo a este texto – estou, isso sim, a tentar demonstrar que há situações a que não consigo ficar indiferente, como o facto de 16 das primeiras 22 canções mais ouvidas pertencerem a algo chamado Rubyhornet.

Sabedoria das multidões e tudo o resto, sim senhor, mas isto parece-me mais um serviço para bloggers do que propriamente para apreciadores de música. O Shuffler.fm parece mais interessado em dar aos bloggers uma plataforma de divulgação do que em dar um serviço de qualidade aos utilizadores. Aliás, tendo em conta o que já escrevi acima, juntando ao interface limpinho mas trapalhão (nomes de canções no lugar de nomes de artistas, fotografias de Michael Jackson associadas a música alternativa, acústica e drum & bass… enfim), e acho que não vão poder contar muito comigo.

Ironicamente, deixo para o fim a parte em que vos explico que na realidade estou a cuspir no prato onde comi.

É simples. Apesar do serviço ser mau, enquanto o testava, ainda encontrei lá uma banda de Los Angeles que me encheu as medidas: Milo Greene, um quinteto com um baterista e quatro vocalistas e multi-instrumentistas que lançou o primeiro álbum (o clássico homónimo de estreia) há pouco mais de um mês. “1957″, o primeiro single, é simplesmente delicioso.

Mas isto não faz com que o serviço seja bom. Não é confortável de usar, não parece fazer grande sentido (fora a organização por géneros) e não acrescenta nada de especialmente novo. Já os Milo Greene, bem, ainda é cedo para dizer… mas acho que ainda vão ler mais coisas escritas por mim sobre eles, que a nossa história não acaba aqui.