Assim que o concerto dos Local Natives na sala TMN ao Vivo foi anunciado, decidi que iria vê-los. Hummingbird é um dos meus álbuns favoritos do ano e o concerto que eles deram no Optimus Primavera Sound em maio tinha sido excelente, portanto era apenas lógico que os visse desta vez em nome próprio, numa sala e em Lisboa. Então lá fui eu.
Com apenas dois álbuns editados, os Local Natives já têm ali muito material para dar um bom concerto. E, nesse sentido, não houve qualquer surpresa: foi um concerto muito bom. Os temas de Gorilla Manor, o primeiro álbum, apesar de seremmenos canções que os do segundo, têm uma força que resulta especialmente bem ao vivo. “Airplanes”, “Wide Eyes” e “Sun Hands”, que encerrou o set, são obrigatórias em qualquer concerto da banda… e em Lisboa, os Local Natives demonstraram claramente porquê.
Mas a banda norte-americana não serviu apenas energia crua alimentada a percussão. A maravilhosa “Colombia” não foi tão boa como poderia ter sido (vou culpar a tarola do baterista, está bem?) mas “Mt. Washington” e “Who Knows Who Cares” compensaram largamente. Esta última, diga-se, proporcionou um dos melhores intervalos entre set principal e encore que já vi. É que, graças ao público, a música só terminou realmente quando os Local Natives regressaram ao palco.
Por falar nisso, eles são tipos extremamente simpáticos. Mesmo que os “we love you” não sejam genuínos (pareceram mas nunca se sabe), pelo menos há uma certa naturalidade na forma como falam com as pessoas. Tendo em conta que os últimos concertos que vi foram de Mark Kozelek (que insulta sempre alguém mesmo sem querer) e de Aimee Mann (que tinha todo um guião para as suas conversas com Ted Leo), esta hora e meia com os Local Natives acabou por ser refrescante.
E pontos altos? Além das já referidas “Sun Hands” e “Who Knows Who Cares”, do primeiro álbum, e “Mt. Washington”, do segundo, vou ter de fazer uma menção especial a “Wooly Mammoth”, que não tinham tocado no Porto e cumpriu tudo o que esperava dela. Foi enorme.
No primeiro concerto em nome próprio – ou fora de festivais, como preferirem – que deram em Portugal, os Local Natives foram também eles enormes. Melhor estreia era difícil.
Eles prometeram que não ficavam outra vez três anos sem vir a Lisboa. Eu prometo estar lá para os receber. E recomendo-vos que façam o mesmo.