Este é o terceiro de três posts sobre o melhor da música em 2013.
É sempre tão mais difícil fazer a lista de discos do ano do que as restantes. Creio que tem a ver com o facto de serem obras mais complexas do que as canções que lhes dão corpo. É por isto que esta lista dos melhores álbuns de 2013 é como uma fotografia: apesar de demonstrar de forma bastante competente a realidade deste momento preciso no tempo, não consegue transmitir a complexidade de um ano inteiro de acontecimentos.
Ou seja, estes são, à data de hoje, os meus álbuns favoritos do ano. Amanhã logo se vê.
10 – Sigur Rós – Kveikur
Parecia que os Sigur Rós estavam perdidos para o mundo depois da incursão ambiental a que chamaram Valtari mas voltaram e voltaram muito bem com Kveikur. A saída de Kjartan Sveinsson ainda se nota mas “Brennisteinn”, “Yfirbor∂” e “Var” dão força suficiente para fazer de Kveikur um dos melhores álbuns do ano e um alívio.
9 – Arcade Fire – Reflektor
Os Arcade Fire são uma das melhores bandas do mundo e por isso arriscam. Fazem bem. Enquanto fã, gostaria que o fizessem um bocadinho menos – tal como gostaria que se focassem nas grandes canções que têm e em torná-las enormes – mas o raio dos espíritos deles nasceram para ser livres ou algo do género. É, portanto, com muito má vontade que deixo Reflektor vir parar a esta lista. É que eles podem fazer tão melhor do que isto. O problema é que isto continua a ser muito, muito bom.
8 – William Tyler – Impossible Truth
Não sei muito bem como explicar-vos o encanto que este disco tem sobre mim. Não conhecia nada de William Tyler antes e ainda não explorei mais nada dele entretanto. Mas o prazer que retiro do virtuosismo country deste disco é inegável e não consigo senão desejar-vos que consigam sentir o mesmo que eu. A cada audição de Impossible Truth surgem novos pormenores, novas qualidades, novos pontos de interesse. É o disco mais fácil do mundo? Talvez não. Mas cresce e cresce e cresce em nós.
7 – Phosphorescent – Muchacho
Se houvesse uma lista de coisas que não esperava colocar na lista de melhores do ano, um álbum de Phosphorescent seria claramente candidato a uma das primeiras posições. Não é que não achasse giro, só achava… esquecível. Mas tudo mudou este ano com a maravilhosa “Song For Zula” e o álbum que se lhe seguiu. Muchacho, que recebe pontos extra por causa do nome, é um álbum bem mais country do que “Song For Zula” faria prever mas toda a gente sabe que isso não é mau. Numas canções ouve-se o céu, noutras a terra poeirenta. E soa tudo muito, muito bem.
6 – Julianna Barwick – Nepenthe
Se há álbum de que esperava muito pouco era deste. Julianna Barwick era praticamente uma desconhecida para mim mas enganou-me bem. Estava à espera de morrer de sono e ter dificuldade em aguentar a audição até ao fim mas Nepenthe foi simplesmente a entrada a pés juntos mais suave de sempre. Jogos de vozes que trazem a palavra “etéreo” de volta ao léxico da pop e arranjos simples em melodias simples fazem deste álbum um dos pontos altos deste ano.
5 – Local Natives – Hummingbird
Descobri-os verdadeiramente este ano e foi Hummingbird que me agarrou. Com canções consideravelmente melhores que o prometedor Gorilla Manor, este álbum mostrou que os Local Natives chegaram para ficar. Com canções que ficam bem em qualquer rádio alternativa, como “You & I”, “Heavy Feet” ou “Wooly Mammoth”, mas também com temas tão sublimes como “Mt. Washington”, “Colombia” e “Three Months”, este álbum foi um dos que mais rodou por aqui. E justamente, diga-se.
4 – The National – Trouble Will Find Me
É fácil deixarmo-nos levar pelo discurso da desilusão quando gostamos muito de uma banda. Isso aconteceu-me conscientemente com os The National e este Trouble Will Find Me, um álbum que ficou claramente abaixo das minhas expectativas. Mas não se deixem enganar. Trouble Will Find Me é muito melhor do que a maior parte das coisas que ouviram em 2013, só não é melhor do que o que os The National já nos deram no passado. É o som de uma banda a assentar – uma banda que sempre usou o desconforto como energia produtiva e que está agora a habituar-se ao conforto. Trouble Will Find Me reflete bem este processo mas só os próximos álbuns poderão confirmar se o que está aqui a passar-se é bom ou não.
3 – Haim – Days Are Gone
Não lhes dei a atenção devida durante grande parte do ano. Creio que tem a ver com o facto de não ter entrado pela porta certa. A porta certa é, diga-se, a gigante “Falling”, que abre Days Are Gone. A partir do momento em que se começa no sítio certo, não há que enganar. Com a fantástica “The Wire”, a estou-algures-entre-o-Top-Gun-
2 – Daughter – If You Leave
Noturno, deprimente e perfeito. A escrita simples, transparentemente romântica e sem merdas de Elena Tonra poderia ser suficiente para fazer deste disco algo excecional. Mas o ambiente enevoado que envolve as palavras da vocalista elevam If You leave a um nível muito difícil de atingir para um álbum de estreia. Canções como “Winter”, “Youth”, “Human” e “Shallows” são para guardar junto ao coração.
1 – Volcano Choir – Repave
Maravilhoso desde as primeiras notas do órgão que lança a fantástica “Tiderays” até ao final perfeito de “Almanac”. Não há muito mais que possa dizer. Digo o que já disse antes várias vezes: no que a música diz respeito, Justin Vernon não consegue fazer nada errado. À segunda tentativa, os Volcano Choir lançaram um álbum que fica perto do estatuto de obra-prima. Graças a canções do tamanho do mundo, como “Comrade” e “Byegone”, mas também às subtilezas de canções menos volumosas, como “Acetate” ou “Keel”, Repave é um álbum brilhante do início ao fim. Melhor álbum do ano, sem qualquer sombra de dúvida.