Boas compras na Louie Louie de Lisboa

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Os fins de semana têm destas coisas. Sem que nada o fizesse prever, uma visita inesperada à Louie Louie de Lisboa, no Chiado, acabou por revelar-se uma sessão de boas compras musicais. Inspirado pelo João e pela sua dependência dos livros, a série de artigos em que nos vai mantendo a par das suas compras, estou decidido a partilhar convosco a música que trouxe para casa.

Isto era para ser apenas um pequeno-almoço com amigos. Mas transformou-se rapidamente numa ida à Feira da Ladra, seguida de almoço no Cais do Sodré. E como estávamos a apenas uns 15 minutos a pé do Chiado, acabámos por ir à nova Louie Louie (mudaram-se no verão de 2013 para junto dos Armazéns do Chiado) dar uma vista de olhos.

Pois que a vista de olhos rapidamente se transformou em shopping spree. Nada de loucuras, claro, que os tempos não estão para isso. Mas já há algum tempo que não trazia tanta coisa de uma só loja de música.

O primeiro disco a que me agarrei foi Bachelor No. 2 – Or, The Last Remains Of The Dodo, provavelmente o melhor álbum editado por Aimee Mann até hoje. Não o tinha e desde o concerto de novembro na Aula Magna que “Red Vines” não me sai da cabeça, pelo que era apenas razoável que comprasse este disco. Bónus: tem grande parte das principais canções da banda sonora de Magnolia, como “Save Me”, “You Do” e a maravilhosa “Deathly”.

Pouco tempo depois, já a edição especial de Think Tank, dos Blur, estava nas minhas mãos. O álbum mais vanguardista dos Blur – e, coincidentemente ou não, o último que editaram antes de sesepararem – tem algumas das melhores canções que os maiores da Britpop nos deram, como “Out Of Time” e “Sweet Song” (apesar de também ter “Crazy Beat”, possivelmente a pior). Não tinha o disco e há muito tempo que queria comprá-lo. O facto de ser uma edição especial em livro convenceu-me.

O terceiro e último disco que levei da Louie Louie para casa foi a edição original de Ghosts Of The Great Highway, o enorme álbum de estreia dos Sun Kil Moon que foi feito para as tardes de domingo. Já tinha a reedição de 2007, que tem um CD extra, mas achei que esta edição original (nome de código: “bebé na capa”) fazia mais que sentido na minha coleção. O Gonçalo ainda demonstrou interesse no disco mas, nestas coisas, há uma certa hierarquia: primeiro, vi o disco antes dele; depois, gosto mais de Sun Kil Moon do que ele. Era a mesma coisa que encontrar um disco de Tool e não o deixar ficar com ele. Além disso, todas as desculpas são boas para revisitar “Carry Me Ohio”, “Salvador Sanchez” e companhia.

Se já não estava à espera de ir às compras à Louie Louie, muito menos esperava sair de lá com um livro. E assim teria sido se não fosse a Sílviater decidido dar uma vista de olhos nessa secção. Noites de Atropelo é uma compilação de letras escritas por Mark Kozelek para os seus álbuns com os Red House Painters e a solo – a edição é de 2002, o que explica, naturalmente, a ausência de material dos Sun Kil Moon. Não tenho por hábito comprar livros deste género mas este conquistou-me com o facto de ter as letras em Inglês e Português. Deve dar uma leitura divertida, não?

Contas feitas, saí de lá com menos €35 na conta mas ligeiramente mais feliz. E ainda tive direito a  um pequeno desconto (como quase sempre que vou à Louie Louie comprar mais do que dois discos), o que é um belo extra.

Agora é possível que só volte à Louie Louie no Record Store Day, a 19 de abril. Mas depois destas boas compras, se calhar ainda me apanham lá antes.