Mark Kozelek foi ao Porto mostrar o novo Benji e eu fui atrás dele.
Foi a terceira vez que vi ao vivo o criador dos Red House Painters e dos Sun Kil Moon. A novidade deste concerto de pouco mais de uma hora na Casa da Música foi mesmo o facto de ter tido direito a banda – Chris Connolly no piano, Eric Pollard na bateria e Vasco Espinheira (dos Blind Zero) na guitarra. Chris Connolly e Eric Pollard, importa referir, são basicamente os Desertshore, que por sua vez têm dois álbuns com a participação de Mark Kozelek.
O concerto foi memorável. Podia ter sido muito melhor se Kozelek não teimasse em pôr de parte as canções antigas – algo que já tinha visto em Torres Vedras há uns meses – mas, como gosto tanto de Benji, nem me posso queixar. Canções como “Carissa” e “I Can’t Live Without My Mother’s Love”, os dois primeiros temas de Benji, ficam simplesmente perfeitas quando se transformam em algo mais do que voz e guitarra.
E foi sobretudo Benji que se ouviu na Casa da Música, bem como um bocadinho de Mark Kozelek & Desertshore e de Perils From The Sea, o álbum de Mark Kozelek com Jimmy LaValle. De resto, creio que além de “Black Kite” (de Among The Leaves), não houve direito a nada editado antes de 2013.
Houve desconforto (quando Kozelek decidiu fazer uma piada e dizer que na bateria estava Steve Shelley, dos Sonic Youth), houve penumbra (porque ele tem uma aversão qualquer a holofotes em cima dele) mas, acima de tudo, houve muito boa música, que é algo que vou continuar a valorizar nos concertos dele. Tive direito a ouvir os Sun Kil Moon em modo banda completa, o que é extremamente raro. Tenho pena de não ter direito a pelo menos um momento emocionante com canções como “Carry Me Ohio”, “Void” ou “Michigan” mas, mais uma vez, saí de um concerto de Mark Kozelek com a convicção de que quero vê-lo da próxima vez que vier cá.
Enquanto assim for, mesmo sem clássicos, estamos bem.