Sia: ontem, hoje e amanhã

Sia

Tenho notado nos últimos tempos que estou um tanto ou quanto mais eclético.

Posso olhar para isto como algo bom – mais diversidade! – ou mau – menos profundidade… – mas é simplesmente algo que tem vindo a acontecer muito lentamente.

Há uns anos, Sia estava bem dentro da minha zona de conforto. “Breathe Me”, canção que ganhou um reconhecimento e um estatuto especial por ter sido escolhida para fechar o último episódio da maravilhosa série Sete Palmos de Terra em 2005, é o tipo de canção que me conquista à primeira. Grandiosamente épica, faz-me feliz desde a primeira vez que a ouvi. E quando a encontrei no final de Sete Palmos de Terra senti-me como se estivesse a assistir ao momento mais sublime de sempre visto em televisão.

Exageros à parte, não posso dizer que tenha acompanhado a carreira meio esquiva de Sia. Entre o seu medo da ribalta e a associação a grandes êxitos de David Guetta, Rihanna, Beyoncé, Britney Spears, Christina Aguilera e Lea Michelle, Sia deixou-me fugir sem grande esforço de qualquer um de nós. Eu fiquei com “Breathe Me” e pouco mais; ela lá com as coisas dela.

Fast forward e chegamos a 2014. 1000 Forms Of Fear, o primeiro álbum de Sia em quatro anos, saiu há apenas duas semanas. Foi apenas por essa altura que comecei a ouvir falar de “Chandelier”, o single lançado em março que a trouxe de volta às edições em nome próprio.

O vídeo é viciante. O refrão é gigante. O desempenho vocal é inacreditável. A canção é de uma força bruta impressionante. Talvez seja apenas mais um de uma série de grandes temas pop saídos da cabeça de Sia… mas quando é Sia a tomar conta da execução, a cantiga é outra. ”Chandelier” é um dos grandes hinos de 2014, uma canção do tamanho do mundo.

Não sei o que lhe reserva o futuro mas parece-me que depende sobretudo dela. Se quiser dar o salto para a estratosfera, é uma questão de continuar a fazer o que fez nos últimos anos – a escrever canções como “Diamonds” para Rihanna ou “Pretty Hurts” para Beyoncé – mas desta vez interpretando ela própria as canções. Parece fácil, não é? Para ela, sim.

Se quiser recuperar um certo anonimato, de qualquer forma, não lhe levarei a mal. Teremos sempre estas duas canções.