Muito se tem dito sobre a oferta do novo álbum dos U2 a 500 milhões de utilizadores Apple, uma ação anunciada no evento de apresentação dos novos iPhone 6, iPhone 6 Plus e Apple Watch na semana passada.
Songs of Innocence foi adicionado automaticamente à lista de álbuns adquiridos de todas as pessoas que receberam esta oferta (entre os quais me incluo), tendo inclusivamente sido descarregado automaticamente para os diversos dispositivos Apple dos utilizadores que têm a opção de download automático ativada (não é o meu caso).
O drama.
Uns queixam-se de invasão de privacidade, outros de que esta é uma ação apenas comparável ao spam. Há ainda os que não se queixam, que provavelmente até gostam da oferta… mas esses falam pouco, primeiro porque gostar de U2, nos dias que correm, não é propriamente a coisa mais popular do mundo e depois porque provavelmente estão ocupados a ouvir o disco.
Não gosto dos U2 – nunca gostei – e não vou ouvir o álbum. Dito isto, apesar de achar a ação de marketing um tanto ou quanto agressiva, despropositada e desesperada, não me parece que venha mal algum ao mundo por causa disto. A questão da privacidade nem sequer se põe, honestamente. Ninguém viu nada (ninguém sequer espreitou), ninguém teve acesso não autorizado a nada. Simplesmente o computador de uns quantos milhares de utilizadores descarregou automaticamente um álbum dos U2 porque estes escolheram manter essa opção ativa no iTunes.
Os U2 deixaram há muito de ser relevantes no que a discos diz respeito. Conseguiram, no entanto, fazer com que se voltasse a falar deles. Falar mal, sobretudo, mas ainda assim… falar. Mas falar mal já era a maior parte do que sefalava, na verdade. Portanto conseguiram que se falasse mais. Vitória, certo?
Aliás, os únicos que me parecem ter ficado a perder foram os senhores da Apple, que além de terem pago, utilizando o termo favorito de Durão Barroso, uma pipa de massa, ainda se tornaram um bocadinho menos cool do que eram. Teria sido mais interessante apostar numa banda mais fresca, com um perfil menos desgastado. Mas enfim, eles lá sabem.
Agora pergunto-me: por quanto mais tempo continuarão os U2 a encher estádios por esse mundo fora? É que essa, sim, é a medida do sucesso para uma banda como esta. Aplica-se o mesmo aos Rolling Stones ou a Madonna, por exemplo.
O que retiro disto é aquilo que já todos percebemos há muito: felizmente ou infelizmente, o preço da música aproxima-se rapidamente do zero. O resto é conversa.