Tenho uma grande dívida por pagar a Cameron Crowe, escritor e realizador de Quase Famosos.
É que foi o raio do filme que me fez começar a ouvir Simon & Garfunkelpor causa daquele bocadinho de “America” ainda no início. E foi também por causa de Quase Famosos que me dei ao trabalho de ouvir Tommy, dos The Who, de uma ponta à outra.
Mas a coisa não fica por aí.
A viagem de autocarro pós-colapso de Russell Hammond, guitarrista e líder dos problemáticos Stillwater, converte-se no momento mais marcante do filme graças a Elton John e a uma canção chamada “Tiny Dancer”. Se nunca viram o filme, só por esta cena de singalong coletivo já vale a pena. Ah, e quem inicia o singalong é tão somente o nosso estimado amigo Mark Kozelek, que entra no filme como Larry Fellows, baixista da banda.
A canção propriamente dita é de 1972 e demorou uma eternidade a ganhar o estatuto de clássico. Teve de crescer em nós para lá chegar, aparentemente. É um processo que se verifica também, de certa forma, dentro da própria canção, que deixa de ser só uma bela malha e se grava definitivamente na nossa memória quando Elton John canta, lá para o meio, “Hold me closer, tiny dancer”.
Cameron Crowe chamou-lhe a alma do filme e eu concordo. Mas só por si, sem qualquer espécie de ajuda, “Tiny Dancer” é um clássico… e o epíteto assenta-lhe na perfeição.