Este é o segundo de dois artigos sobre o melhor da música em 2024.
Muita americana e uma… portuguesa. Os álbuns pop de 2024 não me encheram as medidas, portanto tive de me ficar pelos terrenos confortáveis que tão bem conheço. Nomes familiares, fantasmas do antigamente e novidades das boas compõem uma lista de álbuns a que deverei voltar com frequência.
Os melhores álbuns de 2024:
10 – The Smile – Wall Of Eyes
Já sabemos que não são os Radiohead… mas são um projeto cada vez menos paralelo e cada vez mais temos de ver The Smile como outra banda qualquer. Se eu o fizer, não há como não ficar de queixo caído com o que vão produzindo. E este Wall Of Eyes, o primeiro de dois álbuns lançados este ano pela banda, é o melhor que já produziram.
9 – Los Campesinos! – All Hell
Por esta não esperava. Se me dissessem há um ou dois anos que, em pleno 2024, estaria a falar de Los Campesinos!, diria que algo não tinha corrido bem. Mas, ao que parece, a banda britânica, que tem feito tudo (incluindo a edição e a divulgação) sozinha de há uns anos para cá, decidiu fazer um álbum portentoso ali entre o emo e o indie rock que tão bem representaram quando apareceram há quase 20 anos.
8 – Gillian Welch & David Rawlings – Woodland
Este álbum é uma delícia. Deixem-se estar enquanto Gillian Welch e David Rawlings entrelaçam vozes e guitarras e vos embalam com um álbum que representa na perfeição o que a folk e a country podem ser.
7 – Ana Lua Caiano – Vou Ficar Neste Quadrado
Um álbum curto e grosso, inovador e sem enchimentos desnecessários, Vou Ficar Neste Quadrado aterrou com pompa e circunstância e cumpriu as expectativas de quem já tinha percebido pelos singles que Ana Lua Caiano era qualquer coisa. E não é que tinham razão?
6 – Bon Iver – Sable,
O único EP desta lista é decididamente um conjunto de canções especial. São apenas três, mas… que três! Sable, é um exercício minimalista, mas as canções são, em muitos aspetos, mais do mesmo que Justin Vernon nos tem servido, seja mais sozinho (como aqui) ou com dezenas de colaboradores. E mais do mesmo está bem acima dos mínimos olímpicos…
5 – Hurray For The Riff Raff – The Past Is Still Alive
Americana pura e dura, com melodias quentes e letras pungentes. Hurray For The Riff Raff já por aí anda há muito tempo, mas nunca me tinha cruzado com ela até ouvir “Alibi”, a canção que abre The Past Is Still Alive. Mas chegou para deixar o álbum tocar até ao fim, uma e outra vez.
4 – Lizzy McAlpine – Older
A primeira vez que ouvi Older fiquei desiludido. Achei-o longo (ainda acho) e molengão (estava distraído). Mas dei-lhe mais umas oportunidades e fui recompensado com um mundo de pormenores fantásticos em música que pede — não, exige! — a minha atenção. E, se isto continuar assim, uma coisa é certa: Lizzy McAlpine está a envelhecer bem.
3 – MJ Lenderman – Manning Fireworks
Pavement, Jason Molina, Dinosaur Jr. O indie rock de MJ Lenderman está a abarrotar em dívidas junto daqueles, mas está a fazer por pagá-las com juros. Não faltam guitarras barulhentas, mas certeiras, e letras que misturam o abstrato e o hiper-concreto com genialidade. Se Boat Songs já tinha sido um abrolhos, com este Manning Fireworks já ninguém o tira daqui.
2 – Cassandra Jenkins – My Light, My Destroyer
Cassandra Jenkins não parece saber fazer música má. Sim, há uns interlúdios de natureza duvidosa, mas o lindíssimo My Light, My Destroyer vem confirmar o que An Overview On Phenomenal Nature já tinha tornado óbvio: a música da nova-iorquina é indie pop/rock a roçar a música erudita, com letras vagas, mas vigorosas… e bonita de onde quer que se olhe.
1 – Waxahatchee – Tigers Blood
Tigers Blood é o meu álbum do ano há muito tempo. Praticamente desde que saiu, na verdade. “Right Back To It”, “Tigers Blood”, “Burns Out At Midnight”, “The Wolves”, “Lone Star Lake”, “3 Sisters” e até a tardia (canção extra lançada meses depois do álbum) “Much Ado About Nothing” encheram os meus dias de calor… e tornaram 2024 no meu ano da americana.