Foi publicado no PNAS há dias um estudo realizado por Chia-Jung Tsay muito interessante sobre o papel da visão na formação de julgamento acerca do desempenho musical. E qual é a principal conclusão deste estudo? Simples: a visão é mais importante do que a audição para avaliar as melhores performances musicais.
A investigadora nega assim a tese do bom senso – a de que, na hora de avaliar o desempenho musical, o som é mais importante. Este conjunto de experiências bate certo com estudos de outras áreas, que dão à visão um papel preponderante para formar um juízo sobre comida e bebida, por exemplo, e reforça uma certa ideia da visão como uma espécie de sentido principal (isto sou eu a dizer, não o estudo).
Reparem que, no caso deste estudo específico, não estamos a falar do American Idol mas de performances de música clássica, portanto não há aquela desculpa das luzes e das roupas e assim (a desculpa Madonna, se me permitem).
Basicamente, as pessoas podiam escolher a opção que achavam ter maior preponderância na sua avaliação de desempenhos musicais – mais de metade escolheu só som, menos de 30% som e imagem e apenas 14% só imagem. Faz sentido, não é? Mas o resultado das experiências (que consistiam em adivinhar os vencedores de competições internacionais de música clássica) demonstra que a percentagem de pessoas que recorreram ao som (incluindo as que escolheram som e imagem) que acertou nos vencedores é de cerca de 25%. De entre as pessoas que só tiveram acesso a imagem, mais de metade adivinhou os vencedores.
Outro dado curioso é o facto de as pessoas que tiveram acesso a som e imagem terem tido um resultado só marginalmente melhor que o das que só tinham som. Interessante, não?
Leiam o estudo, que vale a pena.