Aimee Mann trouxe o seu concerto acústico à Aula Magna, em Lisboa, e deixou-me um pouco desiludido.
Eu gosto tanto dela, da voz, das canções, dos discos, daquele pop/rock cuidado meio country… e a sacana faz-me uma coisa destas.
Mas afinal o que é que ela me fez? Fez um concerto acústico, foi o que foi. Mas não foi coisa de mulher e guitarra – foi coisa de mulher e guitarra, homem e piano e homem e baixo e até homem e guitarra (quando Ted Leo subiu ao palco para tocar com Aimee Mann canções dos The Both, o projeto que estão a desenvolver em conjunto).
O problema com isto é que não resultou. Não sei se é por causa das canções serem já normalmente calmas ou se é apenas pelas roupagens específicas que Aimee Mann lhes deu… mas a verdade é que não fiquei impressionado.
As canções que tinham de brilhar… brilharam apenas q.b. “Save Me”, “The Moth” e sobretudo “Wise Up” deram um ar da sua graça mas não fizeram esquecer as versões originais. As únicas que me deixaram inequivocamente feliz foram “4th of July” e “Red Vines” – especialmente esta última, que surgiu já no encore e foi maravilhosa (e, nesse sentido, foi fiel à versão original).
Os elogios pouco sentidos ao público irritaram-me um bocado mas isso ainda é o menos, sinceramente. O que não pode ser é esta quantidade de música maravilhosa sem uma banda que lhe dê corpo. Piano, baixo e guitarra acústica não fazem jus à dimensão da música de Aimee Mann… ou se calhar sou eu que escolho a dedo o tipo de coisas mornas de que gosto.
Esperava-se de um concerto de Aimee Mann na Aula Magna que fosse morno mas o bom tipo de morno; o tipo de morno que ela nos obrigou a adorar desde cedo. Mas o concerto foi morno, morninho – o tipo de morno que não chega para sequer para aquecer as mãos, quanto mais o coração.