A notícia surgiu há já alguns dias: o Top+ da RTP1 acaba este ano. Acaba-se a contagem decrescente dos discos mais vendidos na televisão mas, mais do que isso, encerra um espaço de divulgação musical que tem vindo a perder relevância ano após ano.
O Correio da Manhã destaca que este é o segundo programa mais antigo da televisão portuguesa a seguir ao Telejornal (também da RTP1, claro). Já Eduardo Simões, da Associação Fonográfica Portuguesa, refere duas coisas importantes: primeiro, que o programa é líder de audiências no horário em que é transmitido; depois, que a AFP vai procurar manter um programa de formato semelhante na televisão portuguesa, estando atualmente à procura de alternativas.
No ar há mais de 20 anos, o Top+ é atualmente apresentado por Francisco Mendes e Isabel Figueira e produzido pela Valentim de Carvalho. O aparente sucesso de audiências não parece ser suficiente para a RTP manter o programa, o que é estranho, mas a verdade é que, num mercado em que a venda de discos é cada vez mais um negócio condenado, um programa como o Top+ não pode estar senão condenado.
Nem se coloca aqui em causa a qualidade dos nomes que compõem a tabela. O problema é que, no início dos anos 90, as pessoas viam o Top+ para saber o que comprar. Agora, além de sermos cada vez menos a comprar CDs (e de comprarmos cada vez mais online em lojas estrangeiras), não é certamente no Top+ que vamos confiar. A sabedoria das multidões da Internet sempre tem maior quórum.
Há um lado nostálgico nisto tudo. Eu, que sou um tipo novo, lembro-me vagamente de ter no Top+ a única fonte de videoclips. E de ver os Nirvana por lá, por exemplo. Mas é difícil evitar os maus caminhos: agora, o Top+ tem condições para ser pouco mais que um Made In Portugal (apresentado pelo Carlos Ribeiro, lembram-se?). Alguém quer isso?