Há dias chamaram-me totó pseudo-intelectual por causa da música. Se os conceitos não se anularem totalmente, diria que foi uma provocação cândida. Uma brincadeira, pronto.
Ainda assim, que fique esclarecido: eu sou da pop. Lá por não considerar a “Don’t Look Back In Anger” uma das melhores músicas de sempre – e aqui tenho a razão do meu lado, como é óbvio -, não quer dizer que escolha aquela música da melhor banda de noise polaca. É que eu sou da pop.
Eu gosto das melodias, do singalong, da companhia, das histórias e das memórias. Gosto de twee pop, de indie pop, de britpop e de, bem, pop. Não gosto especialmente dos Oasis, é verdade, mas isso não me pode transformar num pária. Gosto dos Blur, por exemplo. De quase tudo.
Claro que há quem não faça ideia do que são os Blur. Felizmente, esses desgraçados (os que não fazem ideia, não os Blur) não vêm aqui. Ai deles! Ainda assim, justifico-me com o relativismo, com a bagagem de cada um. Como é óbvio, aliás. Há uns anos escrevi sobre este vício da descoberta, da novidade, que nos destrói e/ou nos torna nuns snobs. Enquanto a facção “Oasis” me chama totó pseudo-intelectual, a facção “afrobeat” (pode ser?) argumenta que esta coisa de gostar de Eels é como amar o Tony Carreira. Enfim. Como disse, o relativismo dá conta de tudo.
Resumindo: eu sou da pop. De um bocadinho da pop, pelo menos.