A EMI assinou recentemente um acordo com a BBC que lhe vai permitir aceder ao extenso arquivo áudio e vídeo da televisão e rádio pública britânica com o objectivo de editar algumas actuações de artistas do seu catálogo. Este acordo permitirá lançar comercialmente algumas obras raras nos formatos habituais (CD, DVD e digital); em troca, a BBC fica com a possibilidade de usar e difundir actuações dos artistas da EMI a nível nacional e internacional com fins comerciais.
Este acordo parece ser um pouco mais abrangente do que o que a BBC assinou em 2005 com a Universal Music, que apresentava diversas limitações ao nível da utilização dos materiais. De resto, é uma excelente oportunidade para a editora disponibilizar material até agora inacessível de alguns dos maiores nomes do seu catálogo e ganhar algum dinheiro com isso. A BBC parece ganhar menos com o negócio do que a EMI mas, ainda assim, ganha quase instantaneamente mais umas horas de programação que pode usar livremente sem ter de investir muito mais.
Segundo a Billboard, graças a este acordo, os consumidores de música podem aguardar por pérolas como uma actuação dos Pink Floyd de 1967 com algumas músicas de The Piper at the Gates of Dawn ou alguns dos primeiros registos dos Coldplay. A ideia parece-me interessante.
A EMI não vai sair do sufoco, é certo, mas parece começar assim a seguir um caminho interessante no que diz respeito ao seu modelo de negócio. Claro que “parece”, aqui, é a palavra-chave. Creio que este acto aparentemente sensato é apenas coincidência e que a empresa detida pela Terra Firma deverá agarrar-se a uma série de más ideias pelo caminho que compensarão a aparente vantagem da exploração destas raridades.
Este mercado é especialmente valioso para fãs e coleccionadores, o tal nicho que me parece ser uma das soluções possíveis para a indústria. Mas, se optarem por uma estratégia de marketing e tradicional, dificultarão imenso a comunicação do produto como algo especial e, consequentemente, acabarão por enterrar a diferença.