Como fazer uma mixtape 3 – critérios e regras de selecção

Mixtape

Este artigo faz parte da série Como fazer uma mixtape.

Já têm uma lista gigante de músicas elegíveis para figurarem no alinhamento final da vossa mixtape. Agora, falta dar o passo decisivo, o da escolha propriamente dita. O processo pode ser fácil ou difícil, curto ou longo… vocês percebem.

No limite, na altura de seleccionar as músicas, imperará o bom senso. No meu caso, há certas coisas que gosto de ter sempre em conta.

O efeito montanha-russa

Não gosto de discos que saltam entre opostos a cada música. Na grande maioria dos casos, as músicas não ligam de forma nenhuma (e a ligação temática só por vezes funciona bem) e o disco acaba por se tornar desconfortável a quem o ouve. “Hooker With a Penis”, dos Tool, seguida de “Song for a Blue Guitar”, dos Red House Painters? Não me parece.

Má qualidade sonora e músicas gravadas ao vivo

A qualidade sonora da faixa é importante, daí que só muito dificilmente considere bootlegs e versões gravadas ao vivo como opções válidas. Os bootlegs só muito raramente conseguem ter uma qualidade aceitável e, mesmo assim, não chegam ao nível de uma edição oficial. O som é demasiado baixo e pessoas a falar e palmas abafam muitas vezes o que interessa. E isto não interessa a quem ouve o disco. Os discos “oficiais” gravados ao vivo também não são muito boas opções. No meu caso, terá sempre de passar por um editor áudio para colocar gradações de volume no início e no fim da música, para que ninguém comece a ouvir pessoas aos berros logo no início de uma faixa. Mas nem sempre é possível fazer isto sem prejudicar a música… por isso, vejam lá se se aplica.

O início

Para mim, o tema de abertura é fundamental. Posso dizer-vos que alguns dos meus álbuns favoritos conquistaram-me aí. Há várias formas de abordar a coisa: podemos querer uma daquelas faixas “intro”, uma mais crescente ou uma imediata. Só nunca queremos é uma que seja esquecível, aborrecida, dispensável. Assim à primeira vista, “Auto Rock”, dos Mogwai, é um bom exemplo de música que funciona em crescendo e “2 x 2″, dos Get Him Eat Him, de uma música imediata. Escusado será dizer que há mais.

O clímax

Mesmo que não tenham noção disso, há um ponto alto na vossa mixtape, aquela música. Construam o disco em torno dela, seja pelo tema, pela música propriamente dita ou pelo que for, mas façam-no. Respeitem o que disse no primeiro ponto mas não ponham músicas iguais antes e depois desta… porque vai misturar-se. E não queremos que se misture, queremos que se distinga. A partir do clímax… deixem o disco cair sustentadamente até ao final.

O final

Gosto de bons fechos. Gosto da forma como “Motion Picture Soundtrack”, dos Radiohead, arruma o Kid A e de como “Stable Song”, dos Death Cab For Cutie, deixa Plans respirar por fim. Gosto de ter vontade de ouvir o álbum outra vez. Para isso, é fundamental terminar bem. Queremos apoteótico? Pode ser, desde que não mate o clímax anterior. Queremos calmo? Também dá, claro, desde que não estrague o resto do disco. É como disse: quero ter vontade de ouvir o álbum outra vez.

São algumas ideias. Pessoalmente, nunca esqueço as questões que coloquei na selecção inicial e tenho-as em conta quando pego nas músicas que acabam por fazer parte da versão final. De resto, continua sem haver grande ciência nisto.

A série Como fazer uma mixtape até agora:

Introdução
Destinatário
A selecção inicial