O Genius do iTunes serve para alguma coisa

Para quem não sabe, o Genius é uma ferramenta de recomendação de música incluída na versão 8 do iTunes que gerou alguma polémica quando foi lançada por questões de privacidade. Além disto, o facto de as músicas recomendadas terem uma natural ligação directa à loja do iTunes também não foi muito bem visto.

Na altura, experimentei o Genius e desliguei-o passado pouco tempo. Demasiado espaço visual ocupado para o boneco. Mas entretanto comprei um computador novo, instalei o iTunes e deixei-o estar.

Há uns dias, enquanto ouvia um dos meus álbuns de Broken Social Scene, calhou olhar para o lado direito da janela do iTunes e vi para lá um nome que despertou a minha atenção: The Most Serene Republic.

Bastou uma pequena pesquisa para perceber que esta banda é mais uma da família canadiana Arts&Crafts, editora dos Broken Social Scene, The Stills, Los Campesinos!, Stars e Constantines, entre outros nomes mais ou menos conhecidos. Os The Most Serene Republic foram, de resto, a primeira banda da editora sem nenhum membro dos Broken Social Scene (isto em 2005).

Nunca os tinha ouvido e são bons. Não têm o coração dos Broken Social Scene (que são muito mais viscerais) mas são um tanto ou quanto mais concisos e directos ao assunto. Têm um baterista absolutamente fantástico e bom gosto em tudo o resto.

O último álbum que lançaram – que foi o que ouvi – chama-se Population e é muito interessante. Editado em 2007, tem muito daquele caos que adoro: a mistura de guitarras, cordas e metais na mesma canção, tudo isto brilhantemente acompanhado por uma secção rítmica nervosa.

Apesar de o álbum ser bastante interessante como um todo, há uns destaques possíveis: “Sherry And Her Butterfly Net” é, muito provavelmente, a melhor do disco. À falta de melhor comparação, tem ali algo de Interpol durante um minuto; o resto não sei o que é… mas é fantástico (e acho que já falei da bateria). Muda de discurso e de tom aqui e ali e as vozes complementam os instrumentos muito bem. Obrigatória.

De resto, “The Men Who Live Upstairs” e “Present of Future End” são muito giras também, com a melodia a ganhar algum destaque na segunda. Ah, e “Solipsism Millionaires” também dá muito bom nome a este álbum.

Claro que há um ou outro momento mais aborrecido, sobretudo quando dão demasiadas voltas sem sair do mesmo sítio (pensem em cães fechados em varandas).

De qualquer forma, acreditem quando vos digo que vale a pena, sobretudo para quem dá valor a um bocadinho de caos de vez em quando mas não gosta quando, sem dar por isso, já está a ouvir aberrações noise.

Os The Most Serene Republic são bons. Agora vou poder explorar mais um bocadinho. O Last.fm já tinha feito das suas; agora foi o Genius. Não o vou desligar tão cedo.