Este é o sexto de uma série de posts sobre a História da Britpop.
Haverá vida depois da morte? Mas certamente que sim! Que o diga a Britpop, que está morta e enterrada mas continua a falar como se não houvesse amanhã.
Na verdade, não estou a ser intelectualmente honesto. O que quero dizer é que algumas bandas não souberam reagir à morte do género que lhes trouxe sucesso, fama e droga da boa. É como se estivessem presas para sempre num estado de negação que os leva a achar que o NME ainda é alguma coisa e que nós ainda queremos saber do que eles têm para dizer sobre aquela outra banda mesmo ridícula que eles odeiam.
E é isto que me leva, na reta final desta série de artigos, a falar de um dos maiores tesouros deixados pela Britpop: as bocas, as zangas, as pegas… mas sobretudo as bocas.
A maior, melhor e mais divertida fonte de informação a este nível é definitivamente… qualquer coisa dita pelos irmãos Gallagher. Fiquem com algumas das coisas que Noel Gallagher disse sobre os Blur e Damon Albarn, por exemplo:
“People say we’re the Rolling Stones and that Blur are the Beatles. We’re the Stones and the Beatles. They’re the fucking Monkees!”
“He’s such a condescending cock”
“I’ve got nothing against him… I just think his bird [Justine Frischmann, dos Elastica] is ugly.”
Curiosamente, a própria Justine Frishmann tinha uma opinião muito interessante sobre The Great Escape, dos Blur:
“I mean, we got back from America and Blur had made The Great Escape, which I thought was a really, truly awful album – so cheesy, like a parody of Parklife, but without the balls or the intellect.”
Já Damon Albarn, aparentemente, gostava de uma abordagem mais condescendente:
“It’s important that Oasis are rude about everybody and that they get drunk. That’s what people like you want, and you encourage them. Fair enough. It’s nice, isn’t it? But it’s nothing to do with me. They came to see us in Manchester and they were very pleasant boys. Very nice. I’d like to see that as a quote. Oasis are very nice boys.”
Se calhar, é uma boa altura para recordar que Noel Gallagher se juntou aos Blur em palco há uns meses para tocar “Tender” num concerto integrado numa ação de beneficência. Sacrilégio, pensam vocês. Mas melhores do que os vossos pensamentos (desculpem mas é verdade) são as palavras de Liam Gallagher:
“What killed Britpop? The fucking fakest cuddle in my entire life, that’s what fucking killed Britpop.”
Ele refere-se a isto, claro:
Mas pronto, tanto faz. Além disso, os Oasis não se limitaram a insultar os Blur nem a lutar entre si. Distribuíram amor por todos (de Michael Jackson a Kylie Minogue, passando por Phil Collins e Tony Blair, entre muitos, muitos outros). E tantas outras bandas responderam, que a guerra começou a ficar aborrecida a determinada altura. Se há coisa que marca as bandas da Britpop é a incapacidade crónica de guardarem opiniões para si. E nem o Jarvis Cocker escapa (vá, isto é mais recente mas não deixa de ter a sua piada):
“All these bands with stylists, like Keane or whoever, are just terrible.”
Pois são, Jarvis, pois são.
Visita ao Museu Britpop:
Uma introdução
As origens
Os primeiros anos
O auge
Declínio e morte
As bocas