Faz hoje dez anos e dez dias que Elliott Smith morreu. E há dez dias, precisamente, levantou-se um vendaval de música para os meus lados. O resultado, esse, foi uma epifania.
Nunca lhe tinha ligado muito. Tinha um disco dele, o Figure 8. Era um álbum giro, dizia eu. E agora é isto. Elliott Smith é o meu mais recente vício e eu não sei o que fazer senão planear uma ida às compras e ouvir o máximo de música dele que conseguir.
“Roman Candle”, de que já falei aqui, foi amor à primeira vista. Mas nestes dez dias não têm faltado concorrentes. “Between The Bars” e “Angeles” são casos óbvios. Também o é a canção que valeu a Elliott Smith uma nomeação para os Oscars: “Miss Misery”.
Mas até as do álbum anteriormente conhecido como giro e agora espetacular, Figure 8, têm tido lugar especial nas minhas repetitivas playlists dos últimos dias: “Can’t Make A Sound”, “Wouldn’t Mama Be Proud” e a enorme “Stupidity Tries” não têm parado de rodar por aqui.
O problema é que há demasiada música por ouvir. E sim, tenho noção de que é um problema equivalente a ter Messi, Ronaldo, Ibrahimovic, Neymar, Ribery eLewandowski na mesma equipa e ter de deixar dois de fora – é uma dor de cabeça boa, como dizem os jornais desportivos.
E aquelas pequenas pérolas meio escondidas, meio nem por isso, como “No Name #1″ ou “Southern Belle”, só tornam o processo mais intenso. Às tantas, já só me pergunto qual será a próxima canção a revelar-se.
Deem-me tempo. Uns fecham para obras, outros vão pescar. Eu ouço tudo o que há para ouvir de determinado artista. Cansativo? Sim, sobretudo para vocês epara os meus amigos que me aturam nestas alturas. Mas a culpa também é deles (e vossa). Ou acham que estas coisas acontecem sem ajuda nenhuma? Eu sou eu e a minha circunstância, já lá dizia o outro (Ortega y Gasset, mais especificamente).
Uma coisa é certa: estou a adorar a viagem. Ele já fez toda a música que tinha para fazer, infelizmente. Mas até agora ainda não me cruzei com uma única que não fosse boa. Tem de ser uma espécie de recorde, isso.