You Gots 2 Chill: a pacífica meia idade de Brendan Canning

Parece que Brendan Canning não quer que escutemos o seu You Gots 2 Chill e eu não percebo porquê. O álbum não é uma obra-prima mas é mais que certo que merecia um título menos parvo. You Gots 2 Chill? Não, pá… não.

Mas vamos ao que interessa.

Para quem não sabe, Brendan Canning é, juntamente com Kevin Drew, um dos mentores dos Broken Social Scene, a melhor banda de sempre das que estão mais tempo em hiato do que a fazer música. E quando os Broken Social Scene não estão a fazer música, mais cedo ou mais tarde chegam álbuns a solo de membros da banda. Foi assim entre Broken Social Scene e Forgiveness Rock Record, com Brendan Canning, Kevin Drew e Charles Spearin, entre outros, a lançarem álbuns fantásticos.

Aconteceu novamente – e espera-se que aconteça mais um bocadinho quando Kevin Drew lançar o que anda para aí a cozinhar – e You Gots 2 Chill é o primeiro fruto sério do mais recente hiato dos Broken Social Scene.

Menos rock que Something For All Of Us…, o álbum de estreia de Brendan Canning a solo lançado há cinco anos, este segundo disco é menos disco de baixista, mais disco de quarentão confortável. Aliás, o único sinal de crise de meia idade aqui é mesmo o título do álbum.

Mas atenção: o facto de ser um disco menos saltitão, mais coerente, não o torna melhor. Creio que o torna mais fácil de ouvir, apesar de Brendan Canning experimentar mais com guitarras acústicas do que seria de esperar, porque só a espaços somos confrontados com algo de radicalmente diferente.

Enquanto que Something For All Of Us… passava de temas mais calmos, como “Chameleon” e “Been At It So Long”, para coisas mais completas – “Hit The Wall”, “Love Is New” e a gigante “Possible Grenade” -, este novo disco fica-se pela paz porque, pronto… You Gots 2 Chill, não é?

Há coisas boas, claro: a lindíssima voz de Daniela Gesundheit, dos Snowblink, em “Bullied Days”, o curioso single “Plugged In” e a instrumental “Post Fahey”. Mas não explode, não atormenta, não maravilha… não faz diferença.

Vê-se que lhe deu gozo fazer isto. E isso é bom e faz-me feliz porque gosto de ver as pessoas felizes e tudo o resto (não gosto nada). Mas não há como escapar ao facto do novo disco de Brendan Canning não ser um disco fascinante. Não esperava dele o que espero de Kevin Drew… mas esperava algo mais profundo ou intenso.

Mas se calhar sou eu que gots 2 chill.